Baixa no agro, reflexo no PIB

PIB Agropecuário recua no terceiro trimestre de 2016 impactado pela baixa produtividade do milho segunda safra

O PIB do setor agropecuário foi o único a apresentar crescimento em 2015, com avanço de 1,8% na comparação com 2014. Porém, o produto interno bruto do setor voltou a recuar pelo terceiro trimestre consecutivo, com baixa de 1,4% em comparação com o trimestre anterior. Na comparação anual, o PIB agropecuário recuou 6%, impactado principalmente pela redução na produção de milho (-25,5%), algodão (-16,9%), laranja (-4,7%) e pela cana de açúcar (-2,0%). Além disso, podemos destacar um enfraquecimento na produção pecuária, com retração na quantidade de animais alojados. Dentre as culturas que impactaram positivamente a produção agropecuário destacamos um crescimento de 11% na produção de café, favorecido por uma bienalidade positiva do café arábica e da mandioca com alta de 3,8%.


O PIB agrícola foi impactado durante os três primeiros trimestres de 2016 por intemperies climáticas relacionada ao fenômeno climático “El Niño”, o que trouxe um período de seca acentuado nas regiões norte e nordeste, além chuvas excessivas na região sul do país. Dessa forma, a produtividade do milho segunda safra, principal “vilão” do PIB nesse trimestre recuou 32,8%, dessa forma, observamos uma queda na produtividade em todas as regiões do país, com queda de 52,28% na região Nordeste, 45,56% no Sudeste, 36,64% na região Centro-oeste e de 19,06% na região Sul. A área plantada de milho “safrinha”, contudo cresceu 8,5%, com expectativa de continuar crescendo no próximo ano.

A queda na produtividade do milho também trouxe uma valorização nos preços esse ano em comparação com o ano anterior, elevando os custos de produção dos produtos pecuários. Com uma economia enfraquecida, com taxa de desemprego elevada e retração na renda das famílias, a demanda doméstica por carne se manteve enfraquecida durante todo o ano, dificultando o repasse do aumento nos custos para o consumidor final. Para o próximo trimestre, avaliamos que o cenário tende a permanecer, com baixo número de bovinos confinados nas principais regiões produtoras. A proximidade do período das festividades (natal e ano novo), contudo poderão favorecer a atividade das granjas, se adequando ao aumento na demanda esperada para o fim do ano.

Com relação à laranja, apesar de um aumento na área plantada de 9,9% esse ano e de 0,5% na área colhida, o baixo rendimento das frutas impactou negativamente a produção das frutas. Os preços da laranja mais do que dobraram esse ano, com expectativa do mercado se manter aquecido no próximo ano com a quebra na produção na Florida, EUA. Com uma boa florada no final desse ano, com chuvas mais regulares, e um crescimento na área colhida para o ano que vem, avaliamos que a laranja possa vir a apresentar um resultado positivo para o PIB de 2017.

Outra cultura que esperamos que venha a favorecer o PIB agropecuário no ano que vem é a cana de açúcar. Com os elevados preços do açúcar no mercado interno, produtores estão aumentando a área plantada, o que tende a trazer resultados positivos no início da próxima safra. Esse ano, a produção negativa de cana de açúcar foi resultado principalmente duma queda na área colhida, -4% uma vez que a produtividade por hectare foi positiva, +2%. A cana de açúcar também deverá continuar a impactar negativamente o PIB do próximo trimestre, com expectativa de um fim antecipado da colheita.


Para o próximo trimestre, esperamos que o PIB agropecuário possa voltar a apresentar uma leve recuperação na comparação trimestral favorecido principalmente pelas culturas de inverno, como o Trigo. Com uma boa produtividade estimada para esse ano, com expectativa de encerrar a safra com alta de 33,9%, o que poderá trazer um aumento na produção do cereal de 14,4% apesar da redução na área plantada, de -15,1%. Além disso, outras culturas de inverno como o triticale e a aveia também deverão crescer, alta de 31,7% e 49,9%. Além disso, como comentado, o crescimento na demanda por carne no fim de ano e a desvalorização do BRL em comparação com o USD poderão vir a favorecer o valor bruto da produção. Dessa forma, projetamos alta de 0,5% para o PIB agropecuário para o quarto trimestre de 2016 na comparação interanual. Para o ano de 2016, estimamos queda de 5,6% com recuperação da atividade do setor no próximo ano, com alta de 3,1% na comparação com 2016.

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