Mais acordos seriam a saída?

Para Milton Lourenço, entre União Europeia e EUA, o segundo seria o mais viável a ser o escolhido

Uma recente pesquisa elaborada pela CNI (Confederação Nacional da Indústria) em parceria com a Escola de Administração de Empresas de São Paulo (FGV - EAESP) apresentou a realidade de 20.322 empresas que exportaram em 2015. Custo do transporte, tarifas cobradas por portos e aeroportos, demora na liberação de mercadorias e dificuldades no escoamento da produção foram os principais obstáculos às exportações (Leia no Guia)

A ampla maioria dos empresários brasileiros que trabalham com exportações apontaram ainda a necessidade de acordos comerciais com Estados Unidos e União Europeia. Na opinião de Milton Lourenço, presidente da Fiorde Logística Internacional, a iniciativa seria mais viável se o escolhido fosse os EUA. “Ainda que não estabelecesse o livre-comércio, seria possível que o produto manufaturado brasileiro recuperasse o espaço perdido no mercado norte-americano, principalmente em função da política equivocada desenvolvida pelo Itamaraty desde 2003 que priorizou o relacionamento Sul-Sul, entre países subdesenvolvidos, a pretexto de minimizar possível dependência do País em relação a Washington”.

Já o acordo com a União Europeia, na opinião do executivo, depende basicamente do Mercosul, que atravessa uma etapa conturbada. Lourenço diz que essa relação “gira em função da atuação atrabiliária dos últimos três governos, que preferiram transformar o bloco num fórum de debates políticos e ideológicos, em vez de um organismo voltado apenas para o aspecto comercial”. Em razão disso, ressalta ele, o Brasil, hoje, depende basicamente do Mercosul para “desovar” seus produtos manufaturados, especialmente da Argentina e Venezuela.

Ele estima ainda que, praticamente, 80% dos produtos nacionais enviados para esses países vizinhos são manufaturados. “Portanto, se o Mercosul colocar por terra a cláusula que obriga os parceiros a assinar conjuntamente acordos com outras nações e blocos, tanto Argentina como Venezuela podem, por exemplo, firmar tratados com a China que possibilitarão a entrada de manufaturados com os quais os produtos brasileiros não poderão competir. Sem contar que o Mercosul está, praticamente, sem comando, desde que o Uruguai deixou em julho a presidência pro tempore”. Lembrando que a China agora faz parte da OMC, e para alguns com a adesão, será cada vez mais difícil instituir uma medida antidumping contra as exportações originárias da China, que é o país que mais fomenta dumping no mundo, inclusive no Brasil. (Leia no Guia)

Lourenço explica que com a União Europeia, as negociações, que se arrastam desde 1998, encontram-se à espera de análise das listas de produtos passíveis de desoneração que cada bloco apresentou em maio de 2016. “Mas, a princípio, não se espera muito, a não ser novas rodadas de negociação”, finalizou.

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