Indústria farmacêutica e o transporte marítimo

Caminhos para o sucesso das operações e como migrar do aéreo para o marítimo

Fabricantes da indústria farmacêutica estão atualmente sofrendo pressões por todos os lados. Pressões por parte do governo, para reduzir preços, a concorrência dos genéricos abocanhando as margens de lucro antigamente protegidas por amplas margens, na medida em que as patentes vão expirando, isso sem falar na dificuldade de encontrar o novo “hit” do mercado de saúde, para trazer mais crescimento e lucro aos acionistas. Além disso, os órgãos reguladores do mundo todo vêm aplicando normas cada vez mais rígidas sobre a movimentação de produtos da indústria farmacêutica, como as diretrizes de boas práticas (GDP) estipuladas pela União Europeia em 2013.

O cenário, obviamente impacta diretamente sobre os custos de transportes e logísticas, de forma que as empresas de medicamentos vêm analisando detalhadamente cada parte de suas operações, numa iniciativa para reduzir custos, ao mesmo tempo em que otimiza os serviços e atende a normas cada vez mais leoninas. A cadeia de suprimentos, por sua vez, vem respondendo com excelência, compreendendo a noção de que o estabelecimento de altos parâmetros nessa área pode ser um fator determinante para fabricantes.

Parte integrante desse contexto o transporte em containers vem emergindo como uma forma de ajudar os embarcadores de farmacêuticos a atingir suas metas de redução de custo, melhores serviços e atendimento às normas do setor. O frete marítimo aparece como muito mais atraente do que o aéreo, e oferece mais segurança, embora os transit times sejam significativamente maiores. Além disso, o risco de avarias é bem menor, uma vez que as mercadorias não são fisicamente manuseadas por terceiros a partir do momento em que o container é lacrado, e a cadeia logística do transporte marítimo tem bem menos pontos de trânsito do que a do aéreo. Soma-se a isso a tecnologia de refrigeração dos containers, que permite que a carga se mantenha altamente controlada após a estufagem.

Apesar de as operações já serem encadeadas, nem tudo está perfeito, e há ainda alguns entraves a serem gerenciados nessa cadeia. Os containers usados para carga têm qualidades variadas, e muitas vezes há regiões que os bons equipamentos não acessam. A morosidade dos transit times também pode aumentar custos com estoques, além de trazer problemas para a cadeia de suprimentos. Com diferenças entre equipamentos disponíveis, os operadores precisam estudar detalhadamente as condições e características de embalagem para cada realidade de transporte com temperatura controlada.

Para resolver essas questões, a indústria aplica uma série de soluções: usar containers com menos de 5 anos, comunicar as exigências da carga com antecedência para garantir a disponibilidade, além de trabalhar com freight forwarders que ajudem a designar as companhias que oferecem melhores serviços em cada rota, seguindo as particularidades do transporte.

O co-fundador da Modalis, uma consultoria especializada em cadeia de suprimentos, transporte a logística para a indústria farmacêutica, Mark Edwards, afirma, no entanto, que é preciso conhecer o segmento para se lançar no transporte marítimo. “Os embarcadores do setor farmacêutico precisam ter plena compreensão de suas operações antes de fazer qualquer tipo de mudança e conhecer os fundamentos da cadeia baseada no transporte marítimo – incluindo a realidade dos portos, operações portuárias e retroportuárias, e o sistema de estufagem”.

Edwards afirma que o transporte oceânico é governado por regras antigas como, por exemplo, a lei de “General Average”, segundo a qual todos os envolvidos em uma viagem de navio possuem comprometimentos compartilhados, o que significa que o embarcador deve contratar um seguro específico para cobrir quaisquer eventualidades. Em síntese, ele retoma a ideia de que o marítimo pode representar uma excelente solução para a cadeia de suprimentos da indústria farmacêutica, nas circunstâncias corretas. Mas ressalta: “o embarcador precisa ter total conhecimento de sua operação antes de fazer qualquer alteração logística”.

O especialista trará o tema para discussão durante o evento Cool Logistics Global, que acontece em Bremen, na Alemanha, nos dias 27 e 28 de setembro: como as empresas do segmento farmacêutico, as companhias marítimas de transporte em containers e outros integrantes da cadeia de suprimentos podem se beneficiar das novas oportunidades.

Em São Paulo, Abralog promove painel de Logística Farmacêutica na Movimat

A MOVIMAT – Salão Internacional da Logística, que vai se realizar de 20 a 22 de setembro em São Paulo, trará palestras voltadas à Logística Farmacêutica com o tema “Panorama da Logística Farmacêutica no Brasil”. A vigésima edição da Conferência Nacional de Logística  (CNL), é organizada pela Abralog (Associação Brasileira de Logística) e que faz parte da programação simultânea da feira.

O painel será um dos destaques da XX CNL, pois vai debater temas relevantes, como rastreabilidade, logística reversa, monitoramento de temperatura a distância, distribuição fora das capitais, legislação e regulamentação Anvisa. O Comitê de Logística Farmacêutica da Abralog atua em um dos segmentos mais importantes da economia brasileira e, ao mesmo tempo, um setor que demanda muito conhecimento logístico em função da complexidade da cadeia de abastecimento.

"A logística tem papel fundamental na manutenção da integridade dos medicamentos até que cheguem ao cliente final. Além disso, existem ainda diferentes complicadores da logística como a extensão geográfica, concentração das indústrias em determinadas regiões, infraestrutura, clima, sem falar na exigente regulação do setor”, explica Leila Almeida, coordenadora do Comitê da Abralog.

A MOVIMAT espera reunir os principais compradores durante três dias de evento, em busca de redução de custos logísticos para suas empresas e soluções eficazes para toda a cadeia logística.


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