Cenário do transporte de cargas no Brasil é preocupante

Problemas vão desde acesso aos portos até falta no uso de outros modais mais eficientes

Os problemas dos portos brasileiros são vários: burocracia, portos saturados, infraestrutura de acessos, custos portuários, demora na liberação de produtos, custos, entre tantos outros que já conhecemos e vivenciamos. O fato é que logística é um dos entraves para o crescimento da produção agrícola, industrial, automobilística entre outros setores no Brasil, e mesmo assim, e diante de um cenário econômico adverso o agronegócio fechou o ano de 2015 com crescimento de 15,9 % (Leia no Guia).

De qualquer forma, os investimentos realizados em infraestrutura não acompanharam o crescimento da produção, gerando gargalos logísticos para seu escoamento e altos custos (Leia no Guia), a falta de investimentos em outros modais como hidrovias e ferrovias para esse transporte. Nesse sentido, o grupo de logística TPC, planeja aumentar a representatividade da área portuária em suas operações e mira investimentos na exportação de grãos no chamado Arco Norte, além de investimentos no Nordeste, após adquirir participação na empresa de logística portuária CMLog.

A ideia é obter um ganho qualitativo nas operações portuárias e futuramente entrar na disputa pelo arrendamento do terminal de granéis sólidos do porto de Aratu (BA). O terminal integra o Bloco 2 das licitações portuárias do governo federal, atualmente em estudos. Sem falar muito sobre o projeto, Sergio Faria, vice-presidente de infraestrutura do grupo TPC, disse que o Arco Norte é o foco.

“A ideia é repetir a experiência do terminal que o TPC tem atualmente em conjunto com a indústria de alimentos M. Dias Branco, o Terminal Portuário de Cotegipe, na Bahia, de importação e exportação de grãos”, além disso, o executivo apontou outro projeto que "interessa de perto" o grupo na região Nordeste, sem dar detalhes.

Refém do transporte rodoviário, que também não escapa das más condições de pavimentação das vias, o modal que já é caro se compararmos com outros modais necessita de maiores e melhores investimentos. “Mais que revitalizar as estradas, é necessário criar outras novas”, disse.

De uma forma geral, é possível afirmar ainda que, para solucionar os gargalos físicos, de investimento e institucionais é fundamental uma maior atenção por parte do Governo Federal no que se refere também ao modal ferroviário. Contudo, o executivo reconhece que, sozinho, o Governo Federal não tem condições de bancar toda a demanda necessária. "Os gargalos que estão se verificando na área do transporte de cargas são grandes. Precisamos ter capacidade de investimento para implantar esses importantes programas, mas o que nós não podemos descuidar com relação ao futuro é a questão dos investimentos nas ferrovias".

Para viabilizar a modernização e o crescimento da malha serão necessários, além de incentivos à participação da iniciativa privada, planejamento e comprometimento do ente estatal no que se refere tanto aos investimentos públicos quanto à garantia de estabilidade institucional. Sem esquecer na necessidade de se tirar do papel o plano de investir R$ 91 bilhões até 2025 na construção de 10 mil quilômetros de trilhos no território nacional. O dinheiro que viria captado da iniciativa privada.

O real fato da nossa logística de transporte de cargas hoje é que o governo está ciente da necessidade de reformular e ampliar os investimentos, só assim poderemos atender com a infraestrutura adequada o crescimento da demanda por exportações do País.

Estamos carentes de um plano de investimentos que amplie o funcionamento dos portos, aeroportos e malhas férreas, pois só com um plano estrutural logístico integrado poderá desenvolver todos os modais de forma a atender a demanda do transporte de cargas. Assim o País conseguirá crescer de forma mais acentuada, caso contrário o Brasil entrará em apagões logísticos onde os prestadores de serviço, transportadoras, etc, escolherão para quem prestar os serviços.

Seja o primeiro a comentar

Os comentários e avaliações são de responsabilidade exclusiva de seus autores e não representam a opinião do Guia Marítimo. Se achar algo que viole os termos de uso, denuncie.