Cenário econômico: há motivos para otimismo moderado em curto e médio prazo

FecomercioSP aponta que otimismo momentâneo pode ser convertido em algo mais consistente dependendo de “eventual novo governo"

Executivos de empresas e entidades dos principais setores da economia se reuniram na FecomercioSP (Federação do Comércio de Bens, Turismo e Serviços do Estado de São Paulo) essa semana para discutir os desdobramentos econômicos da possível mudança no cenário político. E pela primeira vez em dois anos o resultado é de sinais de otimismo. O indício do novo ambiente político está sendo encarado como um ponto de inflexão e uma oportunidade para o Brasil voltar a crescer, avançar em reformas modernizantes e estabelecer definitivamente uma política fiscal responsável. E o setor foi unânime: é preciso adotar medidas rápidas e efetivas na direção de ajuste fiscal, estabilidade monetária, corte de gastos e incentivo ao investimento privado.“O País parece ter atingido o fundo do poço e deve começar a trilhar o caminho de saída a partir de agora”. 

Entre os pontos positivos levantados pelo setor estão a possibilidade de anúncio de medidas fiscais, principalmente ligadas à previdência e desvinculação orçamentária, que teriam um efeito positivo na confiança dos agentes e viabilizariam a retomada do crescimento já em 2017. Além disso, uma possível valorização do real abriria espaço para a queda dos juros, o que, juntamente com a retomada do crescimento, ajudaria a mudar a dinâmica da dívida pública.

Por outro lado, entre os pontos de atenção destacados pelos economistas estão a preocupação com apreciação exagerada do real, que poderia frear a recuperação ainda incipiente das exportações, e os desafios para retomar investimentos em infraestrutura decorrentes da Lava Jato.

Expectativa

Caso se confirmem as expectativas dos executivos, “o País parece ter atingido o fundo do poço e deve começar a trilhar o caminho de saída a partir de agora”. Apesar de ainda negativo e preocupante, cenário teve “tom” mais otimista nos discursos de quase todos os segmentos presentes, com perspectivas de ajustes razoáveis que devem ser bem recebidos por investidores.

De acordo com a assessoria econômica da FecomercioSP, a previsão para este ano é de uma queda de 6% no faturamento do varejo paulista, mas com possibilidade de melhora a partir de 2017. Já em relação ao varejo nacional, a expectativa é uma retração de 8%, com recuos maiores no setor de bens duráveis e um cenário positivo para o setor de farmácias. A retomada também é prevista para 2017. Já para o setor de serviços, a previsão é de uma queda de faturamento acentuada e 2016 deve fechar com perda de 5% a 6% em termos reais.

A Entidade prevê que a inflação deva fechar o ano um pouco acima do teto, ao redor de 7%, mas iniciará 2017 abaixo dos 6%. Em relação à renda média, a expectativa é de continuidade de queda, acompanhada por aumento do desemprego. O mercado de trabalho só começará a se recuperar com a retomada de um novo ciclo de investimentos.

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