Nossa crise é mais “de natureza humana”, diz ex-ministro

Ao comparar a recessão econômica do Brasil com a crise financeira despontada nos EUA em 2008, Mendonça de Barros alega, confiante, que temos condições de reverter o quadro

Em palestra realizada durante a feira supermercadista APAS, em São Paulo, o ex-ministro Luiz Carlos Mendonça de Barros, que já dirigiu o BNDES e hoje atua na indústria automobilística, realçou as diferenças entre a crise vivida atualmente pelo Brasil e aquela sofrida pelos Estados Unidos entre o fim de 2008 e boa parte de 2009.

De acordo com o economista, “a bolha americana foi muito mais vergonhosa do que a nossa, com quebras de bancos, especulação, com ganância, e a consequente necessidade de intervenção governamental”, disse, ao referir-se à quebra do banco de investimentos de Nova York Lehman Brothers, que declarou concordata em 2008, após perdas bilionárias, marcando a falência do sistema financeiro global.

“A nossa é um pouco mais ‘de natureza humana’”, completou o economista, confiante em que a sociedade brasileira vive um momento economicamente mais brando do que aquele por que passaram os Estados Unidos na crise que já completa sete anos. “Com a inflação caindo, o Banco Central tem espaço para reduzir juros – que já baixaram 2,5% e ainda vão baixar mais –, portanto é necessário trabalhar a ‘gestão da volta’, e ter instrumentos para tal”, afirmou Mendonça de Barros, que disse vislumbrar o brasileiro como capaz de se restabelecer, mesmo diante do abismo.

Se os EUA conseguiram, por meio de uma política planejada, sair do momento de crise, resta ao Brasil resolver seus problemas, entre eles uma questão grave de desequilíbrio fiscal e, para 2018, esperar que apareça um líder que governe para os 70% que hoje pertencem ao mercado formal de trabalho”, projetou o ex-ministro.

Para ele, é necessário ter em vista a taxa de crescimento do 4º trimestre de 2016, e não perder as oportunidades de voltar a expandir – porém não exagerar. “Dependendo da eficiência, diria que, em 2018, ainda voltaremos a crescer aos 3% ao ano”.

Sobre o desemprego, Mendonça de Barros explicou que, antes de recuperarmos os postos de trabalho, precisamos antes perder o “medo de perder o emprego”. Segundo ele, a população empregada corta o consumo por precaução quando está diante de uma crise e, com isso, refreia a economia. Passada a tempestade, o trabalhador perde o medo e retoma o consumo, voltando a mover a economia para o próximo ciclo de prosperidade. Esperemos.

Leia no Guia o conteúdo completo da palestra de Luiz Carlos Mendonça de Barros na APAS 2016


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