Raio-X do comércio exterior no mundo

Enquanto uso da tecnologia na gestão do comércio exterior se tornou item essencial, regulamentação do comércio exterior continuará complexa

Estudo realizado pela Thomson Reuters e KPMG com mais de 1.700 profissionais de empresas multinacionais sediadas em trinta países traçou os desafios do comércio exterior no mundo. O Brasil foi o segundo país em número de respondentes em todo o mundo e o primeiro na América Latina.

A edição 2016 da pesquisa revelou que 53% das empresas ouvidas consideram o uso da tecnologia como item essencial para melhorar seus programas de compliance comercial. A pesquisa também constatou que a maioria dos departamentos de comércio e supply chain não contam com os sistemas e processos necessários para maximizar o uso de incentivos, reduzir a complexidade na classificação fiscal de mercadorias e automatizar tarefas num mercado global altamente dinâmico.

De acordo com a pesquisa processos manuais continuam a frear as equipes de comércio exterior, aumentando os riscos de compliance: entre eles, auditorias, perdas de economia e custos de oportunidades. Apenas 34% dos entrevistados afirmam estar usando atualmente um sistema de gestão de comércio global para qualquer aspecto de atividades de importação/exportação, apesar de estarem cientes da necessidade de automatização; 53% dos entrevistados menciona a tecnologia como um elemento fundamental para o aprimoramento de suas atividades.

Administrar o processo de precificação de transferência foi considerado um desafio para 93% dos entrevistados; 59% disseram que suas empresas não têm um processo formal para o alinhamento do estabelecimento de preços de transferência e da avaliação alfandegária

Na opinião de Taneli Ruda, vice-presidente sênior e diretor global executivo da divisão de Global Trade Management da Thomson Reuters, isso revela uma grave lacuna entre o que profissionais de comércio exterior têm e o que precisam para desempenhar suas funções com eficácia. "Os resultados indicam ineficiências em práticas operacionais por todas as funções de supply chain e comércio global. Existem diferentes níveis de impacto quando observamos os pormenores de classificação de produtos, integração de sistemas, centralização de processos e utilização de tratados de livre comércio; mas tudo indica a automatização sendo crucial para abordar essas ineficiências de forma a colaborar para o sucesso de seus negócios", disse.

As entrevistas se mostraram alinhadas às previsões de que a regulamentação do comércio exterior continuará a aumentar em número, escopo e complexidade. Segundo Doug Zuvich, sócio e líder global, Comércio e Alfândega, da KPMG, “a oportunidade está em melhorar as ferramentas e os métodos que permitirão ganhos de eficiência na gestão das respectivas cadeias de suprimentos e comércio global".

Na América Latina e Brasil, que representou 77% dos respondentes da região, os três principais desafios de comercio exterior apontados pelos profissionais foram: requisitos complexos e inconstantes das autoridades locais; interpretação e comunicação de requisitos regulatórios em diferentes locais e países e falta de sistemas automatizados.

Menotti Franceschini, diretor da área de negócios de Comércio Exterior da Thomson Reuters no Brasil, recordou ainda que considerando a população, área e PIB, a participação do Brasil no comércio exterior é inexpressiva. “As exportações representam menos de 12% do PIB, e sua participação nas exportações mundiais é de apenas 1%, algo totalmente incompatível com o potencial da 9ª maior economia global”, disse.

E lembrou que o comércio exterior tem papel fundamental na retomada da competitividade da economia brasileira. “E os resultados da pesquisa comprovam que há muita margem para melhorar os processos e a gestão das exportações, principalmente relacionadas ao uso de regimes especiais e adoção de FTAs”, conclui o executivo.

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