Especial Multimodalidade: Planejar e integrar

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*Editorial

A lei do transporte multimodal já completa quase duas décadas, porém o Brasil não chega a 500 empresas cadastradas junto à ANTT (Agência Nacional de Transportes Terrestres). Além da escassez de empresas credenciadas, também faltam informações sobre como explorar a modalidade e aproveitar os benefícios do transporte que combina modais e opera com um único documento, o CTMC (Conhecimento de Transporte Multimodal de Cargas).

A ANTT define que o Transporte Multimodal de Cargas é aquele que utiliza duas ou mais modalidades de transportes e é executado sob a responsabilidade única de um OTM (Operador de Transporte Multimodal), além de ser regido por um único contrato. O OTM, por sua vez, é definido pela entidade como uma pessoa jurídica, que pode ou não ser uma transportadora, contratada como principal para a realização do transporte multimodal de cargas, por meios próprios ou por intermédio de terceiros.

A cultura da multimodalidade, no entanto, não foi implantada. Incompatíveis, a política tributária brasileira e o incentivo à produtividade tampouco colaboram para que o país seja mais competitivo. Ao passo que falta conhecimento por parte do mercado, sobra desinteresse das autoridades no assunto, e não há um órgão representativo da classe que consiga exercer pressão para que as coisas aconteçam.

Enquanto os caminhos formais ainda são nebulosos, como sempre acontece no Brasil, a iniciativa privada vai se adaptando e criando meios para se desenvolver. Serviços de cabotagem porta-a-porta, prestados por armadores, por mais polêmicos que possam parecer, são exemplo de uma dessas soluções, atendendo com maestria a um mercado ávido por saídas que representem redução de custo e mais confiabilidade.

Com investimentos massivos, as ferrovias geridas pela iniciativa privada também buscam suprir as falhas de interconectividade, embora deparem-se com problemas, sejam eles novos ou antigos – como o da discrepância de bitolas. Os trechos públicos, por sua vez, ainda enfrentam os velhos problemas de superfaturamento, abandono de obras e falta de planejamento.

O setor rodoviário, criticado pelos altos custos e pela oscilação de fretes, também sofre com estradas precárias, altas taxas, falta de homogeneidade de serviços e, sobretudo, problemas graves de segurança. Porém é – e sempre será – o modal crucial para que as cadeias sejam atendidas com perfeição até as suas pontas.

O transporte aéreo, tradicionalmente ágil e alcançando cada vez mais destinos, tem custos justificadamente altos e vitimados pela discrepância da moeda brasileira com o dólar, que rege suas taxas e combustíveis.

É claro que cada modal de transportes apresenta as suas vantagens e desvantagens, e não se trata de competir. Pelo contrário, em momento em que a economia mundial privilegia a agilidade nas entregas, planejar e integrar as operações logísticas é a chave para manter a competitividade da indústria.

Segundo a Antaq (Agência Nacional de Transportes Aquaviários), o Brasil pode alterar a matriz de transportes e reduzir custos, porém somente com a redução da assimetria regulatória e tributária do modal rodoviário com os demais haverá estímulos para a transferência de carga.

Leia no Guia Marítimo | Especial Multimodalidade a opinião de especialistas em seguros, indústria, leis, tributos e transportes, e conheça a experiência deste setor que, mesmo diante das dificuldades, faz de tudo para que a carga chegue com eficiência às prateleiras.

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