Crescimento de 60% no primeiro semestre

Foco nas exportações e nos serviços integrados garantiram resultados ao Grupo Martins em plena crise

O desempenho das exportações brasileiras no primeiro semestre deste ano fez com que a retração do mercado interno ganhasse alguns contrapontos – e certo fôlego, no caso das empresas que vislumbraram a oportunidade em meio aos desafios. Foi o caso do Grupo Martins, que conseguiu aumentar as vendas de serviços de logística internacional em até 60%, o que atribui ao incremento dos processos de exportação, oferta de projetos integrados de logística para toda a cadeia de comércio exterior, além de outros serviços como desembaraço aduaneiro e Siscoserv, transporte, agenciamento de carga, armazenagem e até consultoria tributária.

O resultado foi fruto de uma ação intensiva que levou o Grupo a repensar a venda dos serviços e trazer mais valor agregado e redução de custos para o cliente. “Com a crise, as empresas são mais criteriosas, dão muito mais atenção a custos e benefícios e querem estar mais focadas no seu negócio. E logística dá muito trabalho. Nesse contexto, investir um projeto integrado de logística é mais vantajoso do que adquirir serviços em separado”, explica Lourival Martins, presidente do Grupo Martins.

A mudança de estratégia teve boa receptividade do mercado, e a Martins conquistou novos clientes. O grupo fechou contratos com empresas como Hengtong Cables, Asia Shipping, Mitsuo Soko Group-MSE, Sogitz, C&C, Lacoste, Marfrig, Makita Ferramentas, Alicante, Ouro Fino, entre outras.

No entanto, apesar dos bons resultados, a perspectiva da retração esteve sempre bastante presente nas previsões da empresa. “Sentimos muito o impacto da redução do mercado interno no início do ano. Não perdemos clientes, mas o volume de serviços diminuiu bastante em todas as áreas em que atuamos, exceto nas exportações”, contou Martins, que atribui ao dólar alto o papel de grande motivador das atividades de exportação: “O dólar alto continua a ser o grande motivador das exportações. Muitas empresas que haviam parado de exportar voltaram, e existe um grande número delas vendendo pela primeira vez no mercado internacional, inclusive pequenas e médias”.

Segundo apuraram os dados da companhia, as vendas internacionais de uma maneira geral aumentaram cerca de 50% em seis meses. Entretanto, ele recomenda que a atividade exportadora deva se estruturar: “A questão agora é buscar qualidade e preço para quando o dólar cair, essas empresas continuarem a exportar. A competitividade não pode estar apenas na vantagem cambial”.

Para as importações, por outro lado, o primeiro semestre foi cruel. A Martins sentiu a queda na carteira de clientes, com redução de aproximadamente 40% nos processos de importação feitos no período. “É uma bola de neve. Desemprego e queda de vendas no comércio, a indústria reduz a produção e cancela as importações, principalmente de máquinas e equipamentos. E com o dólar em alta, a importação também deixa de ser um atrativo”, afirma Lourival Martins.

Ele acredita, contudo, que a tendência no segundo semestre é de que o mercado volte a importar, na medida em que o dólar começar a cair e o empresariado nacional recuperar a confiança e retomar os investimentos.

No agenciamento de cargas, uma atividade que exerce desde o fim do ano passado, Lourival afirma que conseguiu obter boas negociações graças ao grande volume movimentado. Apesar de praticamente inaugural, o serviço de agenciamento de cargas já representa 25% do faturamento global do Grupo.

Outro setor para o qual a empresa apontou neste período foram os armazéns alfandegados, que vinham sofrendo os reflexos da crise, e a Martins firmou parcerias que permitissem aos importadores e exportadores armazenarem nessas áreas com considerável redução de custo. “Fizemos isso principalmente no Porto de Santos, por onde passa a maior parte dos produtos importados e exportados do País. Essa negociação nos coloca na dianteira, quando o mercado voltar a aquecer”, garante Martins, que possui também um armazém geral em Poá, São Paulo.

Confiante na recuperação do mercado até o final do ano, Lourival Martins já vislumbra um resultado não tão ruim para o Grupo neste ano. “Eu achava que seria muito difícil manter o mesmo faturamento do ano passado. Mas se essa tendência de aumento nas vendas se mantiver. Posso arriscar um crescimento de 10% no nosso resultado – o que seria uma enorme façanha diante de um ano tão difícil para os negócios, e para o comércio exterior”.

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