Investimento estrangeiro

Município de Lucena, no litoral Norte da Paraíba, entrará no mapa mundial do mercado marítimo

A empresa norte-americana McQuilling Services recebeu a Licença Prévia para dar prosseguimento ao projeto de construção do primeiro estaleiro de reparos de navios de médio e grande porte do Atlântico Sul. A ação marca a entrada do município de Lucena, no litoral Norte da Paraíba, no mapa mundial do mercado marítimo.

Girando em torno de R$ 2,8 bilhões, o investimento irá criar cerca de 6,5 mil vagas de trabalho diretos e indiretos, além de provocar uma verdadeira revolução na economia da região. A previsão de início das obras é no final de julho deste ano, com a conclusão do projeto em quatro anos. De acordo com o consultor Roberto Braga, da RB Consultores e Associados Limitada, o estaleiro de reparos terá um prazo de quatro anos para estar em pleno funcionamento, mas nos primeiros dois anos já terá condições de começar a operar com hidrolift (sistema de docagem de navios), em julho de 2019, e todo o conjunto estará funcionamento em julho de 2021.

Braga destaca que o projeto de construção do estaleiro começou a ser desenvolvido em 2010, quando a empresa norte-americana decidiu realizar o investimento no Brasil. Ele destaca ainda que em todo o Atlântico Sul não existe nenhum estaleiro de reparos para médios e grandes navios. "Existe para navios menores no Uruguai e um para pequenos no Rio de Janeiro”, apontou o consultor, que destaca que atualmente o transporte transatlântico de mercadorias tem crescido muito, sobretudo, fazendo com que os grandes navios apareçam para transportarem cargas enormes, de 4, 5, 6 mil containers. “São navios de 500 a 600 metros de comprimento e que precisam passar por um estaleiro de reparos porque são como aviões: a cada tantas mil horas o avião tem que ir para um estaleiro também para fazer manutenção”.

Ele salienta ainda que por lei internacional, os não podem trafegar sem ter seguro, "e a companhia de seguros, para se proteger, só faz o seguro da empresa se ela periodicamente parar num estaleiro de reparos de navios". Seguindo a lei internacional, em média, para navios novos, o reparo é feito a cada cinco anos. Após esse período eles tem que ir a cada três anos e meio. Roberto Braga enfatizou, que um estaleiro de reparos é completamente diferente de um estaleiro de construção naval, que tem muitos no Brasil, “mas todos falidos, porque o estaleiro de reparos é para a vida inteira”.

Por que Lucena?

A opção pelo investimento do estaleiro de reparos de navios surgiu inicialmente pelo desinteresse do Governo de Pernambuco quando foi procurado pela diretoria da empresa McQuilling Services, revelou Roberto Braga, consultor da RB Consultores e Associados Limitada. A McQuilling Services já havia se associado à Promom Engenharia Ltda., de Portugal, que já havia feito um trabalho em Santa Rita para a instalação de um sistema de energia termelétrica e conhecia a área. “Quando falamos da área da pesca da baleia, lembraram que navios já paravam ali. Aí falaram que era área espetacular, primeiro, porque uma pergunta que sempre se faz quando se fala no investimento desse estaleiro, é como um navio de maior porte, como uma plataforma submersa dessas de petróleo, entra num canal desses, que só tem 11 metros de profundidade? Vazio ele fica com no máximo sete metros”, enfatizou Braga, que afirmou que o investimento de R$ 2,8 bilhões na construção do estaleiro de reparos em Lucena, pela empresa McQuilling Services, não irá acarretar em nenhuma contrapartida financeira por parte do Governo do Estado, nem da prefeitura de Lucena.

Chamado de DPI, o estaleiro homenageia a Pedra do Ingá. No último dia 12 de dezembro do ano passado, o Conselho Diretor do Fundo de Marinha Mercante aprovou para a construção do estaleiro recursos na ordem de R$ 2,15 bilhões. Todo mundo que trafega, paga frete quando importa e exporta, ou seja, se paga uma taxa à marinha mercante. “Esse dinheiro para o fundo de marinha mercante é um fundo bom, barato e que hoje tem tido arrepios por conta dos estaleiros de construção naval que tem financiado e não tem dado certo”, disse Roberto Braga.

Segundo o consultor paraibano, o fundo de marinha mercante estava ávido para financiar um estaleiro que dê certo e é esse. “Foi aprovado por unanimidade, publicado no Diário Oficial da União, ou seja, o investidor que chegar agora para assumir tudo isso já tem o dinheiro garantido para fazer. É um fundo dirigido a construção de portos, navios, estaleiros obtidos dos impostos sobre fretes marítimos que constituem fundo para que área se desenvolva no país. No mundo inteiro é assim”, disse.

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