Hanjin Shipping e Hyundai Merchant Marine (HMM) confirmaram ao correspondente sul-coreano da IHS Fairplay, Xiaolin Zeng, que, apesar de passarem por sérios problemas de liquidez, vêm discutindo com outras companhias marítimas sobre a formação de novas alianças quando as atuais estruturas expirarem, em 2017.

Em 22 de abril, a Hanjin Shipping cedeu à pressão de seu principal credor, o banco KDB (Korea Development Bank), para o qual concordou em passar o controle da companhia até a reestruturação. A HMM, por sua vez, vem renegociando seus altos custos de afretamento, o que é uma condição para a garantia da dívida que compromete o patrimônio líquido da empresa com o KDB. Ambas as companhias possuem um índice de endividamento (gearing) bastante alto em relação ao capital, conforme os registros publicados ao final de 2015.

Para piorar o cenário, China COSCO Shipping, CMA CGM, OOCL e Evergreen Line avançam constantemente nos planos para estabelecer a nova Ocean Alliance, que deve atender rotas nos portos da Ásia, Europa e Estados Unidos a partir de março de 2017 (Leia no Guia).

Não restam dúvidas de que o novo grupo irá abalar as formações existentes, como a CKYHE, Ocean Three, e a G6 Alliance. Como integrante da CKYHE (junto com COSCO, K Line, Yang Ming e Evergreen), a Hanjin Shipping recebeu a confirmação de que o grupo iria continuar a operar até março de 2017. Já a HMM, que faz parte da Aliança G6, em que estão também Hapag Lloyd, OOCL, Mitsui OSK Lines, Nippon Yusen Kaisha e APL, garantiu, por meio de seu porta-voz, que "a atual estrutura da G6 vai permanecer ativa até março de 2017, e não há nada decidido sobre como a aliança deverá se organizar depois dessa data”. A companhia também afirmou que já começou a trocar informações com os outros membros, para discutir a reorganização da aliança. “Infelizmente, no entanto, neste momento ainda não podemos divulgar detalhes”, completou o porta-voz.

Enquanto a HMM chegou a um acordo com o KDB para fixar o pagamento dos empréstimos até 29 de junho, durante o período em que corre a auditoria para reestruturação de débito, a Hanjin Shipping optou, na semana passada, por passar o controle da companhia para o banco.

As prospecções do mercado são de que os dois armadores coreanos devam estar conversando com a MOL, NYK, K Line, Yang Ming, Hapag Lloyd e United Arab Shipping Co para estabelecerem uma nova organização das alianças, um assunto que também tem chamado a atenção do governo sul-coreano, uma vez que o país conta com a reinserção das companhias para garantir a operação dos meganavios em seus portos e segmentos de logística, nos quais vem investindo, a exemplo do Porto de Busan (Leia no Guia). O Ministro da Marinha e Pesca do país, Kim Young-suk, teve uma reunião em 26 de abril para discutir as medidas a serem tomadas após o anúncio da formação da nova aliança.

Enquanto os rumores especulam que há chances de vermos uma fusão entre Hanjin e HMM, o presidente do Comitê Financeiro do país, Yim Jong-yong afirma que o assunto não está em pauta e sua discussão seria “prematura e inapropriada”, conclui o correspondente sul-coreano Zeng.