Distante dos patamares ideais para um país, mas caminhando

Com importações em baixa e exportações em alta, Maersk aponta início de uma lenta retomada

Importações em baixa, exportações em alta, capacidade de sobra, mas um 2017 não tão animador. Essas são as estimativas do Relatório de Comércio da Maersk Line. A gigante dinamarquesa elevou os patamares do Brasil ao apontar que acredita que o Brasil tem potencial para se tornar umas das cinco maiores economias globais. Apesar do bom desempenho das exportações, o relatório da armadora aponta que as importações terão de esperar até 2017 para retornar ao território positivo, “em um momento em que os exportadores têm a oportunidade de tirar vantagem de um real mais fraco em novembro após o resultado das eleições presidenciais dos Estados Unidos”.

De acordo com Antonio Dominguez, diretor principal da Maersk Line para ECSA (East Coast South America), o Brasil é um país com um mercado interno robusto uma indústria diversificada, e com uma das maiores produções agropecuárias do mundo. No entanto, ele destaca: “para que o Brasil tome maiores posições são necessárias condições corretas para o investimento em infraestrutura, abertura das fronteiras e avanços nos acordos bilaterais com outros países ou blocos comerciais”.

Nesse sentido, ele destaca que a empresa já trabalha com oportunidades, mantendo uma nova frota de containers de carga refrigerada nos pátios dos terminais no Brasil, Uruguai e Argentina “para tirar proveito de oportunidades em carne, frutos do mar e cítricos respectivamente”.

Dominguez explica que o “mau” desempenho das importações se deve entre outros motivos as incertezas no cenário interno e externo. De acordo com o relatório a soma total de importações e exportações terminará o terceiro trimestre com declínio de 2,5% na comparação com o mesmo período do ano passado, uma retração de 8,6% nas importações e um crescimento de 2,9% nas exportações. “No segundo trimestre estávamos um pouco mais otimistas, com a expectativa de que a retomada da economia viria em um ritmo mais acelerado antes de Natal, o que acabou não acontecendo devido às incertezas no cenário interno e externo”, diz.

Ainda assim, o diretor principal da Maersk Line para ECSA se mostra esperançoso, graças a uma desaceleração no ritmo de retração das importações do mercado como um todo, segundo ele, com tendência de que o quarto trimestre deste ano equivalha, em volumes de importações, ao quarto trimestre de 2015. “Ainda que as importações não tenham voltado a crescer, elas ao menos pararam de piorar. E este é o cenário frágil que deve se repetir em 2017”, salienta.

Para ele, o cenário negativo reflete claramente nesse desempenho. “Reflete a fragilidade do consumo interno do Brasil e aumenta a necessidade para abrir as fronteiros do país, reduzir burocracia, fechar novos acordos bilaterais para impulsionar as exportações e reduzir a dependência dos exportadores em relação ao câmbio depreciado”.

Por outro lado, as exportações têm se beneficiado, o que na opinião de Dominguez refletem muito mais a desvalorização do real do que uma melhora na competitividade do produto brasileiro. “O ideal seria que as exportações brasileiras fossem competitivas por si só e dependessem menos da taxa de câmbio. Infelizmente, o Brasil é a septuagésima economia mais aberta do mundo dentro de um ranking de 75 países”, finaliza.

Para acessar ao relatório completo da Maersk Line clique aqui.

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