Exportar é necessário, porém sem negligenciar a defesa comercial
Presidente da ABIQUIM pede mais planejamento e políticas sólidas para desenvolver a indústria
O crescimento do setor químico reflete a situação industrial do país, uma vez que é uma área dependente de outras, entre elas a indústria automobilística, de alimentos, farmácia, cosméticos e até a agricultura. Porém, se a balança comercial está desequilibrada, e o país é inundado com produtos importados, como aconteceu nos últimos anos que antecederam a disparada cambial, reduz-se a utilização da capacidade instalada e o mercado é prejudicado. Esta é a opinião de Fernando Figueiredo, presidente da ABIQUIM (Associação Brasileira da Indústria Química), que participou de um painel em evento promovido pela AMCHAM (Câmara Americana de Comércio) nesta semana.
“Estamos em um cenário deplorável, mesmo que o mercado cresça, os empregos de qualidade estão no exterior”, afirmou Figueiredo, defendendo a importância de se trabalhar a abertura comercial, porém de maneira “responsável”. Ele citou como exemplo a abertura de mercado promovida pelo Governo Collor, que colocou produtos estrangeiros no mercado brasileiro “da noite para o dia”.
Mencionou também a prática norte-americana de reter os direitos à exploração de petróleo: “Os Estados Unidos não permitem exportação de petróleo; quem quer usar os recursos nacionais tem que produzir lá”. É com base nessa linha de pensamento que a ABIQUIM vem trabalhando junto ao governo, reivindicando que o óleo e gás brasileiros da partilha seja usado para incentivar a indústria química, de modo a agregar valor aos produtos do país, “e não simplesmente exportar para China e Índia”, explicou Fernando Figueiredo. Ele tomou como base um estudo do BNDES no qual se calcula que, mesmo deixando de exportar, se aplicados à indústria nacional, o óleo e gás representariam 1,3 vezes mais arrecadação do que o valor apurado com as exportações.
“A indústria química depende de ciências e de políticas de longo prazo, com planejamento, algo comum entre os cinco maiores produtores mundiais”. “Além disso – reforçou – é preciso entender que a defesa comercial é uma prática necessária”. Figueiredo exemplificou dizendo que o Brasil tem 150 processos antidumping em andamento junto à OMC (Organização Mundial do Comércio), enquanto os EUA têm 550.
Mesmo defendendo as políticas de proteção comercial, o presidente da ABIQUIM ressaltou a importância das vendas externas. “Precisamos desenvolver a cultura de exportações; não se pode exportar só de vez em quando, precisamos ter uma base permanente e que não dependa de circunstâncias ou do câmbio”, concluiu.
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