Fim do E-sedex

Demanda por transportadoras cresce e serviços de aplicativos devem ganhar mercado

Recentemente os correios confirmaram o fim do serviço e-Sedex a partir do dia 1º de janeiro de 2017. O serviço, exclusivo para empresas de e-commerce, oferecia, por um valor reduzido, os mesmos prazos de entrega de uma encomenda Sedex comum, porém restringindo a área de cobertura, e limitando o peso do objeto postado em até 15 quilos. A decisão tomada pelos Correios busca reduzir os custos da empresa, que teve um prejuízo de R$ 2,1 bilhões em 2015.

Mesmo com o fim definitivo do serviço, os pequenos empresários de e-commerce já se mobilizam para garantir as entregas de fim de ano. A solução mais rápida é correr para a iniciativa privada e a transportadoras já apontam uma disparada na procura das lojas virtuais pelos serviços de transporte.

Para Rodolfo Abbondanza, especialista em SEO e comércio eletrônico, mesmo com o fim anunciado do E-sedex e de um cenário econômico desanimador, os empreendedores não devem perder o fôlego. "Para o lojista, neste momento, o ideal seria sair da zona de conforto e buscar outras formas de entrega. Uma espécie de boicote aos Correios. Tenho certeza de que, em pouco tempo, teríamos opções melhores de envio", acredita.

Para os empreendedores do comércio eletrônico, o fim do e-Sedex é uma péssima notícia, principalmente para as empresas de pequeno e médio porte, que tinham nesse serviço uma boa opção para enviar seus produtos com rapidez e segurança, cobrando um preço competitivo com os grandes varejistas.

Um dos players do mercado, a JadLog espera um crescimento de 70% nas movimentações de cargas oriundas do e-commerce de pequenos, médios e grandes varejistas do comércio eletrônico em dezembro e janeiro.

"Desde que foi anunciada a descontinuidade do serviço, nós temos recebido inúmeras consultas de representantes de empresas do e-commerce absolutamente preocupados com as incertezas em relação às entregas num momento crítico de vendas de Natal", afirma Ronan Hudson, diretor comercial da JadLog. O e-commerce atualmente representa 30% da receita da empresa.

Segundo as estimativas da Associação Brasileira de Comércio Eletrônico (ABComm), o frete representa entre 6% a 12% do valor total pago por um produto adquirido via web. Com essa mudança os e-commerces poderão ter que cobrar um valor até 30% maior pela entrega rápida, ou passar a utilizar outros serviços como o PAC, cujo prazo de entrega é muito maior.

Ainda assim, essa é uma solução que muitos lojistas veem como temporária ou complementar. "Hoje tenho contrato com outra transportadora, que atende Região Sul, e funciona bem. Porém, ter a capilaridade dos Correios são poucas, ou nenhuma, muitas operam com redespachos via Correios", afirma Mauro Tschiedel, sócio proprietário da UsinaInfo.

A alternativa das transportadoras também não soluciona o problema do custo. Além de trabalhar com volumes maiores, o preço não é competitivo quando comparado com o e-sedex.

A conta mais salgada deve chegar no carrinho do consumidor. Com as margens pressionadas e boa parte do setor operando no vermelho, o aumento de custos tende a ser repassado aos clientes.

Uma pesquisa feita pelo site Ebit, com 4.700 consumidores, indicou que 23% escolhem a loja online onde irá comprar em função das opções de frete oferecidas. Sendo assim, um dos grandes desafios do e-commerce brasileiro em 2017 será encontrar alternativas ao e-Sedex, mantendo os preços competitivos e a rapidez na entrega, elementos que são considerados essenciais pelos consumidores.

Social delivery

Os serviços de pequenas entregas urbanas, que funcionam como o Uber devem ganhar mercado com o fim do e-sedex. João Paulo Camargo, CEO do Eu Entrego, vê ineficiência no serviço dos Correios e defende soluções alternativas. O serviço deve ter uma alta de 20% no volume de entregas em decorrência da decisão dos Correios. "Cada porta-malas de veículos que já circulam vazios pelas ruas, se tornam um novo modal de transporte, oferecendo uma redução substancial de custo para empresas que dependem de delivery tradicionais", detalha. Para ele, o "social delivery" é uma alternativa que alia baixo custo e eficiência.

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