Retração global aflige e armadores tentam resistir a pior crise do setor

Venda, aquisição e falência dão sinal alarmante de como a indústria global de navegação está sendo golpeada

O cais dos portos nacionais e internacionais já não são mais os mesmos: por hora o que se vê são cada vez menos armadores. A desaceleração industrial e a crise do setor tem sido o principal fator dos problemas enfrentados pelas empresas de navegação. A retração econômica corroeu a demanda, e os efeitos financeiros se disseminaram, passando para as transportadoras que levam essas cargas mundo a fora.

O resultado, são armadores com poucos recursos em caixa, enfrentando restrições de crédito e com dificuldade de encontrar financiamento privado. Algumas empresas tentam resistir à pior crise do setor em décadas, e a única saída parece ser: venda, fusão ou declarar falência. O Guia Marítimo chegou a noticiar que o armador oriental OOCL (Orient Overseas Container Line) seria o próximo alvo na consolidação no setor de transporte de containers. (Leia no Guia)

Agora os rumores são que a possível compradora da companhia – caso a venda realmente se concretizasse – seria a CMA CGM. De acordo com Drewry Financial Research Services, a linha francesa seria “a pretendente perfeita” para a OOCL. De acordo com Drewry, a CMA CGM está em melhor posição para adquirir a empresa do que qualquer uma das atuais parceiras do da OOCL: NOL, Hapag-Lloyd, HMM, NYK e MOL - que não se encaixam na conta "devido a razões que vão desde saúde financeira, recentes aquisições e fusões em curso, entre outras ".

Em contrapartida, os membros da “Ocean Alliance” que deve iniciar operações em abril e inclui OOCL, estão muito melhor colocados. "Acreditamos que tanto a CMA CGM quanto a Coscon Shipping são capazes de licitar para a OOIL, mas estamos mais inclinados a acreditar que a CMA CGM está em melhor posição para adquirir a OOIL, se fosse vendida ou fundida", disse Drewry.

As especulações começaram a surgir desde que a Maersk Line anunciou que iria adquirir a Hamburg Süd, se consolidando como a maior na indústria. De acordo com a Lloyd's List, os acionistas da Hamburg Süd recusaram a oferta da CMA CGM em favor de uma da Maersk.

A Alphaliner sugeriu no início deste mês que a Cosco Shipping e a Evergreen eram os compradores potenciais mais prováveis, favorecendo a Cosco por causa dos estreitos laços entre Pequim e a família Tung, acionistas majoritários da OOIL, empresa controladora da OOCL. O relatório observou que alguns banqueiros chineses em Pequim disseram “que era difícil imaginar que o governo central permitiria a uma empresa estrangeira adquirir OOCL”.

Do outro lado, apesar da Drewry colocar a CMA CGM na pole position, a Cosco também aparece como provável na disputa. "A CMA CGM está melhor posicionada entre as principais operadoras para ser a “pretendente perfeita para a OOIL", disse Drewry, afirmando acreditar que o grupo, apesar da alavancagem extremamente alta, está em melhores condições de oferecer bons serviços e vendas mais ativas para a OOIL. “E esperamos que a geração de fluxo de caixa aumente após a melhoria das taxas de frete".

Ainda de acordo com a Drewry, apesar de ter registado uma perda no primeiro semestre de 216, a OOIL continua sendo uma das transportadoras mais financeiramente sólidas no setor de transporte marítimo de containers, além de possuir um mix comercial “que irá beneficiar o crescimento sustentado do comércio intra-asiático e a recuperação das transações do Comércio transpacífico”.

No entanto, em um mercado onde o tamanho é crítico, a falta de escala da OOCL tornou-se um problema. "Isso não é só por conta de uma maior eficiência, maiores navios e economias de escala são necessários para fortalecer a competitividade e os lucros, mas também porque se torna mais fácil para as linhas de transporte de containers que crescem inorgânicamente, para explorar sinergias de custo preciosas", disse o relatório da Drewry.

De fato, isso poderia trazer queda na atratividade dos investidores no longo tempo, já que as partes interessadas estão prontas para realizar um acordo agora. A Drewry também observou que o presidente da OOIL, CC Tung, que detém uma participação de 68% na empresa, anteriormente não tinha descartado fazer um acordo com outra linha.

A CMA CGM poderia selecionar qualquer uma das três opções: fusão, incorporação reversa ou compra direta da OOIL, porém, o resultado mais provável na visão da Drewy é de uma fusão. “A aquisição da OOIL também poderia fornecer à CMA CGM uma listagem na bolsa de HK e cumprir sua ambição de longa data para ser uma companhia listada”, disse.

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