Não somos concorrentes, somos parceiros

Intermodalidade tem trazido ganhos consistentes para embarcadores que avaliam cada etapa da cadeia

Atendendo diretamente cinco portos da região Sudeste, hoje a MRS transporta 18% do total das exportações brasileiras. Mas não foi sempre assim. Segundo Guilherme Alvisi, Gerente Geral de Negócios – Carga Geral da companhia, o volume quadriplicou desde a concessão, e a MRS fechou o ano de 2015 com 167 milhões de toneladas em carga transportada, trazendo também outros números que demonstraram o êxito de suas operações, como 64% a menos em acidentes férreos, transit times 8% menores e 4,5% de melhoria da eficiência energética.

O setor ferroviário, no entanto, reconhece plenamente a sua interdependência com os outros modais: “não somos concorrentes, somos parceiros”, avisou Alvisi, em palestra proferida durante o evento A Hora da Cabotagem, promovido pelo Guia Marítimo em São Paulo na semana passada.

Vantagens como regularidade, acesso direto aos portos sem fila, e uma gestão focada no atendimento à necessidade do embarcador fizeram com que a MRS aumentasse em 26% a movimentação em containers no ano passado, número que a empresa espera manter acima dos 20% para 2016, apesar da crise.

Segundo Alvisi, o segredo para o crescimento foi ir em busca de oportunidades até então não exploradas, como as parcerias estabelecidas com armadores, que renderam à empresa uma série de cases de sucesso. A iniciativa já reúne operações na agricultura, mineração, indústria automotiva, entre outras, e inclui a diversificação de rotas e modais. “Temos, por exemplo, um cliente do ramo de mineração que produz em Araxá (MG), que hoje roda 376 km caminhão até o Terminal da Tora Logística, em Contagem, desce 582 Km pela ferrovia ao longo do rio e segue para longo curso, com ganhos financeiros tão expressivos que a empresa tem, como meta, passar 100% da produção para essa operação intermodal em fevereiro de 2016, graças à confiabilidade dos trens diários e ao transit time, de 65 horas até o Porto do Rio”.

Elisa Figueiredo, Gerente Comercial do Sepetiba Tecon, em cuja carreira também já trabalhou na empresa ferroviária, ilustrou a sua palestra com outros exemplos de distribuição multimodal e realçou a importância de se firmar boas parcerias, além de "poder contar com um suporte na interface com órgãos anuentes". Assim como Guilherme Alvisi, ela compreende que a integração é a porta para a competitividade.

Elisa mencionou como exemplo a iniciativa de um cliente no polo automotivo de Itatiaia, um setor altamente arraigado ao transporte exclusivamente rodoviário. No percurso de sua carga proveniente de Manaus, no serviço de Cabotagem da Aliança Navegação, o embarcador acessa o Rio de Janeiro pelo Porto de Sepetiba, onde embarca nos vagões da MRS sem fila ou burocracia, para então realizar o transbordo no terminal multimodal de Floriano, e chegar até o cliente em Itamonte (MG). “Com o ganho, o cliente passou a gerir melhor a programação de carga, fazer acompanhamento, e ser ainda competitivo, formando um case que tem rodado há um ano e a nos deixa muito contentes, por complementar outras iniciativas que temos para o estado de Minas Gerais também”, comemora a gerente comercial.

O serviço porto a porta é a grande aposta de Elisa Figueiredo: “começamos fazendo 20 containers por mês, mas estamos crescendo bastante no rating. Temos clientes novos iniciando operações, a exemplo de um serviço que começamos agora para Belo Horizonte, e ainda queremos que esse número seja muito maior em breve”.

Alguns cases realmente chamaram a atenção da plateia, composta de embarcadores e operadores, porém foi o conceito da intermodalidade, traduzido na frase de Guilherme Alvisi, o que de fato marcou a temática de ambas as apresentações: “por mais clichê que possa parecer essa afirmação, estamos realmente acreditando na parceria entre a ferrovia, o caminhão e a navegação; ser parceiros e ter ganhos conjuntos para vantagens efetivas para os nossos clientes”.

Crédito das Fotos: Agência Infoneb

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