China com o pé no freio

A indústria chinesa já apresenta retração, com impactos diretos sobre a competitividade e a movimentação portuária

A movimentação de containers na China começou a se recuperar em julho, depois de um semestre bastante fraco no qual se registraram quedas nos volumes de terminais do país todo, na comparação com o mesmo período do ano passado.

O mês de julho, no entanto, deu certo fôlego ao país: os oito maiores portos chineses movimentaram um total 13,5 milhões de Teus, o que representou crescimento pouco maior do que 4% sobre o resultado atingido no mesmo mês de 2015. A performance do mês, relativamente mais saudável, salvou os números acumulados nos sete primeiros meses do ano, registrando 1,75% de crescimento sobre o ano anterior.

Com exceção de Shenzhen, onde o volume ano a ano ainda registra 1,3% de queda, todos os oito principais portos de container tiveram aumento de volume, Segundo dados do Shanghai Shipping Exchange (SSE).

Confira os resultados dos portos em julho, em relação ao mesmo mês de 2015:

  • Xangai: + 5%
  • Ningbo-Zhoushan: + 7,75%
  • Dalian e Qingdao: + 6%
  • Tianjin: permaneceu equivalente
  • Xiamen: + 5%
  • Guangzhou: + 4.6%
  • Shenzhen: -1,3%

Portos menores, como Yingkou, Suzhou, Lianyungang, Rizhao, Fuzhou e Tangshan também tiveram crescimento no fluxo de containers, segundo os dados da SSE.

Hong Kong manteve a queda que já vinha acontecendo mensalmente, e que já atinge 11% no ano. Os terminais de Kwai Tsing registraram movimento 4,5% menor, e o transporte fluvial foi reduzido em expressivos 29%, chegando a apenas 350.000 Teus. Resultado: os 10,8 milhões de Teus movimentados em Hong Kong atestaram a queda em volume de cerca de 10,7%.

A indústria chinesa, por sua vez, reportou resultados bastante variados. O índice oficial de consumo (PMI), que mede a atividade de grandes estatais chinesas, caiu para 49,9 depois de marcar 50,0 em junho, sendo que 50 é justamente a marca que separa o crescimento da retração da economia.

Segundo o Statistics Bureau, a desaceleração pode ser atribuída à diminuição das encomendas e à interrupção das atividades em decorrência de enchentes que acometeram algumas partes do país. O PMI também mostrou expansão de atividades de empresas de pequeno e médio portes, que atingiram a marca dos 50,6, o primeiro número positivo desde fevereiro de 2015.

A fraca demanda, tanto interna quanto externa, no entanto, já surte efeito nos empregos: uma série de demissões já aconteceram, e outras ainda são esperadas devido ao corte que o governo pretende fazer na capacidade da indústria.

O relatório da Moody’s indicou, para julho, que a China já mostra um crescimento econômico bastante refreado, deteriorando também a sua competitividade nas exportações e na lucratividade das companhias, situação que exerce pressão direta sobre os operadores portuários.

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