Estrutura portuária e acessos marítimos precisam de atenção

Variação entre portos brasileiros e momento de alta instabilidade política e econômica não ajudam

A solução para os problemas que afetam a cadeia produtiva e o setor como um todo pode ser sintetizada em uma só palavra: infraestrutura. Apesar dos investimentos anunciados pelo governo, a infraestrutura portuária necessita de investimentos, e sem sombra de dúvida essa não é uma realidade palpável. Como destaca Jose Salgado, diretor de operações e logística da Aliança Navegação e Logística, os canais de acesso aos portos são essenciais para uma operação eficiente, fato esse que não tem a devida atenção ainda. “Há a necessidade de uma dragagem adequada nos canais, uma bacia de evolução, equipamentos para verificação de corrente, vento, altura de ondas, isso tudo para que tenhamos dados necessários para fazer uma manobra de entrada e saída segura com as embarcações”.

Além disso, Salgado destaca a própria estrutura portuária com uso de equipamentos que permitam uma maior produtividade. “No caso do container a gente necessita de uma produtividade alta, apesar de alguns portos no Brasil hoje terem investido bastante em terminais”, disse ressaltando ainda que essa estrutura hoje pode ser comparada a níveis de produtividade e qualidade mundiais. “Até melhores que na Europa e EUA”, aponta.

Apesar disso, ele lembra da variação existente entre os portos brasileiros: a baixíssima produtividade e os altos custos de um lado, enquanto do outro há uma ótima produtividade a custos muito mais competitivos. Como se não fosse possível piorar, a economia brasileira passa por um momento de alta instabilidade e de resultados abaixo do esperado em todos os setores. Salgado lembra da estagnação na importação, que registrou uma redução significativa, mas comenta dos resultados positivos na exportação que já começa a mostrar “respiro”. “A importação já está muito impactada com uma redução significativa, a gente está falando de uma ordem de dois dígitos em alguns lugares chegando a 20% - 30% em alguns portos. Mas a exportação começa a reagir, já temos visto alguns sinais de incremento, um aumento na exportação, principalmente na área de commodities”, explica Salgado, que enxerga isso como um sinal de otimismo. “Dessa forma a gente está vendo que vai suportar mais a nossa economia”.

Para 2016, o executivo explica que apesar de ainda não estar nos níveis esperados, o ano vai ser o início desse novo processo. “A gente precisa voltar a exportar também produtos manufaturados e semimanufaturados, onde alavanca e apoia a nossa indústria. Isso seria o mais importante, mas logisticamente leva um tempo a mais para que essa indústria entre na cadeia logística dos países importadores, de outras regiões”. Apesar da incerteza política e econômica, fatores que acabam de alguma forma adiando investimentos e a confiança do investidor, o executivo acredita no futuro. “Estamos vendo com otimismo que 2016 vai ser um ano que a gente vai começar a exportar mais e 2017 a gente vai ter um impulso ainda maior”.

VGM

Sem novidades no que se refere a investimentos de novas embarcações e novos navios, Salgado ressalta que a Hamburg Sud já investiu fortemente na cabotagem. “Já temos os navios adequados aos serviços. Existe muita capacidade hoje instalada no mercado, então não existem novos investimentos nesse sentido”, explica.

Sobre a nova regulamentação da SOLAS, de pesagem de containers (VGM), o diretor de operações e logística da Aliança Navegação e Logística, vê a nova norma como bem-vinda e destaca que “a medida vem de encontro a segurança de todos: do transporte terrestre, seja no caminhão, no transporte dentro do terminal e no transporte marítimo”.

Porém, apesar de achar a confiabilidade do peso total de um container importantíssima, Salgado ressalta que alguns pontos ainda são preocupantes. “A gente só espera que não seja um processo muito burocrático e oneroso para o nosso embarcador”. Para ele, é preciso pensar de uma maneira que esse fluxo de informação seja fácil, ágil e não crie dificuldades e custo adicional para o embarcador.

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