Apex busca investidores para o primeiro HUB de hidrogênio verde do Brasil

A geração de hidrogênio verde (H2V), combustível que é a aposta de fundos de investimento e governos ao redor do mundo, está ganhando um amplo espaço no Complexo do Pecém, no Ceará, onde está sendo implantado o primeiro hub energético do tipo no Nordeste. São 1000 hectares disponíveis para receber empresas do setor interessadas em implantar uma cadeia de produção, armazenamento e transporte do hidrogênio, com infraestrutura adequada para esse fim.

Os projetos de expansão do Complexo serão incorporados ao portfólio de investimentos da Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (ApexBrasil), a fim de apresentá-lo a investidores brasileiros e estrangeiros interessados.

"Existem muitas oportunidades, dentre elas, destaco os investimentos em infraestrutura de energia, gás natural e renováveis, como o projeto da planta de hidrogênio verde o qual já conta com o interesse de diversos investidores internacionais e memorandos de entendimento formalizados entre empresas interessadas e a companhia administradora do Complexo", afirma o analista de investimentos de óleo e gás da ApexBrasil, Carlos Padilha.

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O hidrogênio verde é obtido sem qualquer emissão de carbono, ao contrário das outras classificações como o preto, cinza ou marrom. É um subproduto da eletrólise de fontes de energia limpas e renováveis, como da água com energia de fontes renováveis, o que inclui solar e eólica, por exemplo. O H2 gerado a partir dessa reação química pode ser usado em veículos movidos a célula a combustível, ou a querosene para aeronaves com baixo impacto climático e ambiental.

Energia do futuro - De acordo com o estudo World Energy Transition, feito pela Agência Internacional de Energia Renovável (Irena), o hidrogênio verde e seus derivados representarão 12% do uso final de energia até 2050. Junto com a eletricidade, representará 63% do consumo final de energia, substituindo combustíveis com alta emissão de carbono como os fósseis. Por essa razão, o Brasil, detentor de uma das matrizes energéticas mais limpas do planeta, por meio do governo federal, vem dando prioridade a pesquisas envolvendo o hidrogênio verde.

Nota técnica da Empresa de Pesquisa Energética (EPE) explica que o hidrogênio tornou-se um objetivo estratégico de governos e empresas em todo o mundo e que deve ganhar relevância global a partir de políticas energéticas pós-pandemia para a retomada da economia e para acelerar a transição energética em diversos países. A força motriz deste crescimento é a visão de governos, especialmente em países desenvolvidos, como Alemanha e EUA, e de empresas de que o hidrogênio será o caminho para viabilizar a descarbonização da economia mundial, requerido para a consecução das metas do Acordo de Paris no horizonte 2050.

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O Complexo do Pecém pode se tornar um player global na produção de hidrogênio e derivados com preços competitivos para distribuição e exportação local. Conforme a companhia, o Hub de Hidrogênio Verde reúne a infraestrutura necessária para produção do elemento, tais como geradores eólicos on e offshore, painéis solares, linhas de transmissão de energia e espaço para armazenamento. Além disso, possui hub logístico estruturado, incluindo o Porto do Pecém, com fácil rota para Estados Unidos, Europa e Oriente Médio. Uma empresa já fechou pré-contrato e mais de dez outras empresas já assinaram memorandos de entendimento para se instalar no ambiente.

"O hidrogênio é a nova tendência mundial no âmbito da energia renovável. Ainda que, por enquanto, o assunto não tenha regulamentação completamente estabelecida, há potencialidade natural para atrair projetos. Há um grande interesse internacional em projetos dessa natureza e a ApexBrasil está pronta para apoiar a implementação no Brasil. O Hub de Hidrogênio do Complexo do Pecém é um dos primeiros projetos do tipo no país e o mais avançado. É um local estratégico por causa da localização e por ser um hub logístico, também", destaca Carlos Pestana.

Livre comércio - O Complexo do Pecém possui a primeira Zona de Processamento de Exportação (ZPE) a entrar em plena operação no Brasil. As áreas de livre comércio, como são conhecidas no exterior, possuem um ambiente adequado para instalação de plantas fabris com foco no comércio internacional. O controle aduaneiro é mais ágil, os impostos são reduzidos ou zerados dentro dessa área e as transações entre as empresas localizadas na ZPE podem ocorrer em moeda estrangeira, reduzindo o custo cambial. Hoje, 6 mil hectares estão disponíveis para a instalação de indústrias com foco no mercado internacional.

"Hoje em dia, não há mais o compromisso exportador, ou seja, caso a empresa queira produzir e comercializar os bens produzidos na ZPE para o mercado interno, isso é possível. Dessa maneira, ocorre uma maior flexibilização da operação e redução do custo Brasil. Acredito na importância das ZPEs para atrair investimentos, fortalecer a cultura exportadora e ampliar a oferta de empregos qualificados", diz o analista da ApexBrasil.

Atualmente, o Complexo do Pecém detém um dos sete principais portos do país, além de contar com uma localização estratégica para conectar o nordeste às regiões norte e sul do Brasil, bem como Estados Unidos, Europa e Oriente Médio.


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