O que se pode esperar para a navegação?

World Cargo News traz os destaques da conferência TOC Asia deste ano, realizada em Cingapura

A conferência TOC Asia deste ano, realizada em Cingapura, teve como tema recorrente a batalha dos armadores para encontrar uma alternativa ao modelo de negócios que levou as linhas de navegação a transportar containers em um mercado cujos fretes andam abaixo do custo.

Enquanto a demanda vai minguando, a oferta continua a expandir rapidamente, ao ponto de o mercado prever um crescimento da frota marítima em 7% para este ano, um número muito além dos 2% que se espera para o crescimento da demanda pelo transporte marítima. Embora o cenário pareça catastrófico, no entanto, o Diretor Executivo da Maersk Line para a Ásia afirmou, durante palestra realizada no evento, que os números globais podem estar sendo mal interpretados: “não generalizemos; há oportunidades”, realçou, referindo-se aos mercados do pacífico e às cargas de importação pelos Estados Unidos, que estão especialmente em alta. Van Trooijen disse ainda enxergar sinais encorajadores no mercado Ásia-Europa, que “devem estar melhor do que se pensa”, uma vez que os varejistas europeus andam reportando níveis baixos de estoques.

Os nichos de oportunidades, no entanto, não chegam a ter força suficiente para equilibrar a oferta e a procura a favor dos armadores em curto prazo. Embora van Trooijen não considere a entrada dos meganavios como parte do problema, especialmente para Maersk (a primeira a encomendar navios de 180 mil Teus), ele aponta que houve de fato certa empolgação no mercado, levando algumas companhias a comprar embarcações maiores do que sua capacidade para preenche-las.

O executivo aposta nas consolidações, fusões e alianças para ajudar a contornar o desequilíbrio entre oferta e procura, o que vai gerar um “momentum” e garantir certa estabilidade ao mercado.

Esta, no entanto, não foi a visão dos operadores de terminais durante a TOC. Após o anúncio da nova “Ocean Alliance” entre CMA CGM, COSCO Container Lines, Evergreen Line e OOCL (Leia no Guia), que cobrirá os sete principais mercados mundiais, a percepção geral durante o evento era de que muitas outras mudanças ainda se fazem necessárias na navegação, mudando o modelo de negócios como um todo. Isso incluiria a inserção de conceitos de tecnologia, como big data, abordados em conferência de Kris Kosmala, da GM Asia Pacific, que disse que a indústria ainda utiliza métodos de precificação e de gerenciamento de ativos simplistas demais, que “remontam aos anos 1990”.

Kosmala reforçou que os conceitos de Big data e de análise de dados (data analytics) estão mudando a forma como a indústria funciona hoje em dia, porém as companhias marítimas não estão se preparando adequadamente para abraçar as mudanças que já estão presentes. Mencionando o conceito por trás da iniciativa da plataforma de gerenciamento marítimo americana XVELA, afirmou que enxerga muito pouca colaboração entre os players tanto na identificação das oportunidades quanto nas ações em prol de benefícios mútuos, além de muito pouca inovação. Ao levantar, por meio do sistema Qunitiq de otimização de cadeias de suprimento, as análises de dados das linhas marítimas, Kosmala diz que as empresas ainda esperam para ver o que os concorrentes estão fazendo para só então seguirem as tendências. Ao que observou: “se você basear a sua decisão naquilo que o resto do mercado está fazendo, só vai conseguir resultados iguais aos dos seus concorrentes”.

Versão: Cleci Leão | Guia Marítimo

Leia aqui este artigo em sua versão original em inglês.


Escrito por:

WorldCargo News

WorldCargo News é um veículo associado ao Guia Marítimo que oferece informações do segmento internacional de cargas, dirigidas ao profissional de transportes e comércio exterior.



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