Colisão de navio em ponte de Baltimore e consequências na cadeia logística

A colisão do navio Dali com a ponte Francis Scott Key em Baltimore, que resultou no fechamento temporário do Porto de Baltimore e interrupções no transporte na região do Meio-Atlântico dos Estados Unidos, pode gerar repercussões significativas na cadeia logística internacional. O imprevisto, que ocorreu na última terça-feira, 26 de março, pode levar a um possível aumento no volume de transportes nos portos de Norfolk (Virgínia), Philadelphia (Massachisets), Nova York (NY) e New Jersey (NJ), por causa da paralisação das operações em Baltimore, além de acréscimos nas taxas de frete. Até o momento, não há previsão para reabertura do canal. 

Jorge Freitas, diretor Corporativo de FCL (Full Container Load) da Craft e especialista em Comércio Exterior, destaca: "O Porto de Baltimore desempenha um papel importante no transporte de cargas entre os EUA e outros países, incluindo o Brasil e a América Latina. Qualquer interrupção em suas operações pode causar atrasos e congestionamentos com efeitos significativos na cadeia logística, afetando diretamente as empresas e os consumidores finais". 

Freitas também ressalta a necessidade de uma resposta rápida e eficaz para minimizar os impactos. "As autoridades portuárias e as empresas de transporte marítimo já estão adotando medidas para mitigar os efeitos dessa interrupção. Isso inclui o redirecionamento de cargas para outros portos e o reagendamentos de embarques, garantindo que a cadeia logística continue operando com o mínimo de disrupção possível e evitando impacto sobre o valor do frete."

Segundo dados do gabinete do governador de Maryland, Wes Moore, o Porto de Baltimore movimentou um recorde de 52,3 milhões de toneladas de carga estrangeira em 2023, no valor de US$ 80 bilhões (R$ 400 bilhões). Em termos de comparação, tal volume equivale a mais de 847 mil carros e caminhões leves e 1,3 milhão de toneladas de máquinas agrícolas e de construção. Como 9º porto mais importante dos EUA, mais de 50 companhias marítimas o utilizam por ano, totalizando quase 1.800 viagens.

Apesar de, inicialmente, os efeitos nos negócios e na economia serem limitados e locais, o acidente acontece em meio a outras questões preocupantes para o setor, que já vinha sendo impactado recentemente pela seca do Canal do Panamá e os conflitos no Mar Vermelho, que já causaram um aumento nas tarifas de frete de até 150%. Neste momento, não é possível mensurar o impacto com precisão, porque os operadores ainda estão ajustando os redirecionamentos para outras localidades, mas pode haver reflexos no valor do frete marítimo, considerando a importância do porto de Baltimore no transporte internacional de cargas. “Além, é claro, de incremento nos custos de transporte terrestre, em razão de uma maior distância percorrida em milhas por esse redirecionamento das cargas aos portos localizados em estados vizinhos aos de Maryland”, enfatiza Freitas.


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