Mais cuidado e mais colisões

Design e “pouco espaço para operações de segurança” do Canal do Panamá preocupam autoridades

Depois do último incidente com a embarcação de bandeira chinesa Xin Fei Zhou que se chocou na última sexta-feira, (22), com uma das paredes da nova eclusa de embarque do Canal do Panamá ampliado, quando o navio chinês que entrava em Agua Clara, mais uma colisão aconteceu na terça-feira, (26).

Um outro navio, um cargueiro chinês bateu na parede de uma das três novas eclusas do canal, totalizando o terceiro incidente do tipo a ocorrer após a expansão do canal, em meio a preocupações a respeito do design.

A expansão do canal que foi inaugurada no mês passado era necessária porque triplicou o tamanho dos navios que podem navegar nele. No entanto, o Canal reaberto já provocou críticas de especialistas da indústria, que afirmam a passagem ser insegura para navios de grande deslocamento. No futuro mais próximo, pelo Canal poderão navegar navios de classe Post-Panamax, com capacidade para transportar até 14.000 containers.

Em abril deste ano, a Federação Internacional dos Trabalhadores do Transporte divulgou um estudo sobre os riscos à segurança gerados pela expansão do Canal do Panamá. Entre outras coisas, o estudo concluiu que a expansão deixou pouco espaço para operações de segurança e que o design do canal deixa pouco espaço para erros de manobra. De acordo com informações, o navio Xin Fei Zhou, da China Shipping Container Lines, precisou passar por reparos após a colisão com o canal abrir uma grande fenda em seu casco.

O primeiro acidente envolvendo o canal foi em junho, dias após a inauguração. O navio japonês Lycaste Peace, o primeiro petroleiro a cruzar o canal, atingiu suas paredes durante o percurso, abrindo uma fenda no casco do navio. A ACP (Autoridade do Canal do Panamá), órgão que administra o canal, não comentou o episódio.

A ACP, no entanto, confirmou que o navio cargueiro Cosco Shipping Panama, que fez a travessia inaugural do canal, também entrou em contato com as paredes de uma eclusa. Porém, o órgão afirmou que esse tipo de contato é normal. Em nota, a empresa MC-Seamax Management Limited, dona do Cosco, disse que o cargueiro não sofreu danos. A embarcação de bandeira chinesa Xin Fei Zhou, não teve danos graves e também não interrompeu o tráfego pela eclusa de embarque nem pela via aquática.

Embora o contato com as paredes seja normal na travessia, as três colisões ocorridas em um curto espaço de tempo aumentam as incertezas sobre a segurança do canal. Segundo especialistas, a inauguração das três novas eclusas deixou pouco espaço para manobra.

O Canal do Panamá tem 77 quilômetros de comprimento e liga o Golfo do Panamá, no Oceano Pacífico com o Mar do Caribe no Oceano Atlântico. Ao contrário do Canal de Suez, ele não está ao nível do mar ao longo de todo o comprimento: os navios são elevados e descidos por eclusas à entrada e saída do Canal, atravessando depois a via navegável em água doce que é alimentada pelos rios que nascem nas montanhas vizinhas.

Seja o primeiro a comentar

Os comentários e avaliações são de responsabilidade exclusiva de seus autores e não representam a opinião do Guia Marítimo. Se achar algo que viole os termos de uso, denuncie.