Estudo da DP World mostra que aumento da temperatura dos alimentos congelados em 3°C pode reduzir as emissões de carbono

Uma pesquisa apoiada pela DP World mostrou que as temperaturas dos alimentos congelados poderiam ser alteradas em apenas três graus para economizar 17,7 milhões de toneladas métricas de dióxido de carbono por ano, equivalente às emissões anuais de 3,8 milhões de carros.

A maioria dos alimentos congelados são transportados e armazenados a -18°C, um padrão estabelecido há 93 anos e que não mudou depois disso. Segundo o estudo, uma mudança para -15°C poderia causar um impacto ambiental significativo sem comprometer a segurança ou a qualidade dos alimentos.

Os especialistas do Instituto Internacional de Refrigeração, com sede em Paris, da Universidade de Birmingham e da Universidade London South Bank, entre outros, descobriram que essa pequena mudança pode reduzir custos na cadeia de suprimentos em pelo menos 5% e até 12% em algumas áreas.

A pesquisa criou uma aliança em todo o setor para explorar a viabilidade dessa mudança, intitulada 'Join the Move to -15°C' (Junte-se à mudança para -15°C). O objetivo dessa aliança é redefinir os padrões de temperatura dos alimentos congelados para reduzir os gases de efeito estufa, diminuir os custos da cadeia de suprimentos e garantir recursos alimentares para a crescente população mundial.

A aliança já recebeu a adesão de importantes organizações do setor, entre elas: AJC Group, com sede nos EUA, A.P. Moller – Maersk (Maersk) da Dinamarca; Daikin do Japão; DP World; a Global Cold Chain Alliance; Kuehne + Nagel International da Suíça; Lineage com sede nos EUA; Mediterranean Shipping Company (MSC) de Genebra; Ocean Network Express (ONE) sediada em Singapura.

Maha AlQattan, diretora de sustentabilidade da DP World, diz: "Os padrões para alimentos congelados não são atualizados há quase um século. Essa revisão já deveria ter sido feita há muito tempo.

"Um ligeiro aumento de temperatura pode trazer enormes benefícios, mas, seja qual for o compromisso de cada organização individual, o setor só pode mudar o que é possível ao trabalhar em conjunto.

"Com essa pesquisa e nossa recém-formada aliança, visamos apoiar a colaboração em todo o setor para encontrar caminhos viáveis para alcançar a meta compartilhada de zero líquido do setor até 2050.

"A 'Move to -15°C' reunirá o setor para explorar padrões novos e mais ecológicos para ajudar a descarbonizar o setor em escala global. Com essa pesquisa, podemos descobrir como implementar tecnologias de armazenamento acessíveis em todos os mercados para congelar alimentos em temperaturas sustentáveis e, ao mesmo tempo, reduzir a escassez de alimentos para comunidades vulneráveis e desenvolvidas".

Criar resiliência e garantir a segurança alimentar no futuro

Todos os anos, centenas de milhões de toneladas de alimentos são transportados pelo mundo. Embora o congelamento de alimentos aumente o prazo de validade, isso acarreta um custo ambiental significativo, visto que, para cada grau abaixo de zero em que os alimentos são armazenados, são necessários 2 a 3% a mais de energia.

O setor de logística está trabalhando para descarbonizar e lidar com o aumento das contas de energia. Ainda assim, a demanda por alimentos congelados está aumentando à medida que o apetite evolui nos países em desenvolvimento e os consumidores mais atentos aos preços procuram alimentos nutritivos e saborosos a custos mais acessíveis.

Ao mesmo tempo, especialistas estimam que 12% dos alimentos produzidos anualmente são desperdiçados devido à falta de logística de refrigeração e congelamento, chamada de "cadeia fria" no setor, destacando uma necessidade significativa de maior capacidade. Os estudos também sugerem que 1,3 bilhão de toneladas de alimentos comestíveis são jogados fora todos os anos - um terço da produção global de alimentos para consumo humano.

De acordo com a Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura, mais de 820 milhões de pessoas passam fome hoje e 2 bilhões (cerca de um quarto da população mundial) sofrem com insegurança alimentar.

Toby Peters, professor da Universidade de Birmingham e da Universidade Heriot-Watt e diretor do Centre for Sustainable Cooling, diz: “As Cadeias Frias são infraestruturas críticas, vitais para o bom funcionamento da sociedade e da economia. São a base do nosso acesso a alimentos seguros e nutritivos e à saúde, bem como da nossa capacidade de estimular o crescimento econômico. A infraestrutura de Cadeia Fria, e sua falta, afeta a mudança climática global e o meio ambiente.”

Eventos causados pelas mudanças climáticas, como secas, inundações e ondas de calor, podem reduzir a produção agrícola e prejudicar a saúde e a produtividade dos rebanhos. Mas o congelamento de alimentos pode proteger as fontes de alimentos e seu valor nutricional por meses durante essas crises.

A 'Join the Move to -15°C' é uma iniciativa para criar uma transição justa, com a implantação global de tecnologias de armazenamento acessíveis para congelar alimentos em temperaturas sustentáveis e reduzir a escassez de alimentos para comunidades vulneráveis e desenvolvidas.

O Prof. Peters acrescenta: "A ONU estima uma população de 9,7 bilhões em 2050. Para garantir a acessibilidade aos alimentos, precisamos reduzir a disparidade de 56% no suprimento global de alimentos entre o que foi produzido em 2010 e o que será necessário em 2050.

"A redução das emissões da cadeia fria e a transformação da forma como os alimentos são armazenados e transportados com segurança hoje ajudam a garantir a continuidade da alimentação sustentável das comunidades no mundo todo, à medida que as populações e as temperaturas globais aumentam, garantindo as fontes de alimentos nutritivos nos próximos anos.

"Com base nessa pesquisa, a aliança da DP World pode ser uma ferramenta fundamental para superar os desafios atuais de alimentação, ao fornecer um inventário estável de alimentos de qualidade para os 820 milhões de pessoas famintas no mundo todo e segurança para outros 2 bilhões que lutam com a escassez de alimentos".



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