Seca Histórica na Amazônia e Impactos no Polo Industrial de Manaus

Os desafios de navegação e do transporte da Zona Franca de Manaus em 2024

Em 2023, a Amazônia enfrentou uma das piores secas já registradas, deixando um impacto devastador no Polo Industrial de Manaus (PIM). As empresas enfrentaram gastos adicionais de cerca de R$ 1,4 bilhão para transportar seus produtos, enquanto o rio Negro atingia seu menor nível em mais de um século, com apenas 12,7 metros de profundidade.

De acordo com dados do Comex Stat, a importação pelo modal aquaviário do Amazonas caiu drasticamente entre setembro e outubro de 2023, diminuindo cerca de 83%, excluindo produtos associados à grãos, hidrocarbonetos e outros desvinculados da cadeia de insumos industriais para a Zona Franca de Manaus.

Essa redução na navegação está diretamente ligada aos custos extras enfrentados pelas indústrias locais, uma vez que a maioria das mercadorias que entram e saem do estado de Manaus são transportadas por navios. Augusto César Rocha, coordenador da comissão de logística do CIEAM (Centro de Indústria do Estado do Amazonas), ressalta que, mesmo sendo mais acessível transportar os produtos por avião, não é possível prestar o mesmo serviço de cabotagem para atender navios de longo curso.

O PIM deixou de importar o equivalente a US$ 1 bilhão em insumos entre outubro e novembro devido à Grande Seca, uma redução de aproximadamente 82% em relação ao patamar importado em setembro. No entanto, os volumes de produção não foram afetados na mesma proporção, indicando que as empresas utilizaram o estoque de insumos acumulado até o final de setembro.

A interrupção da navegação de grande porte resultou em quedas na arrecadação tributária do estado, com perdas acumuladas de R$ 253 milhões na arrecadação de ICMS e R$ 23 milhões na arrecadação de Imposto de Importação. Além disso, a produção industrial do Amazonas registrou quedas significativas em outubro (-5,7% em relação a 2022) e novembro (-4,2% em relação a outubro), de acordo com dados do IBGE.

Embora a seca tenha amenizado, o estado do Amazonas ainda não retornou à normalidade, com 62 municípios em situação de emergência, conforme o último boletim de estiagem. Rocha destaca a necessidade de investimentos do governo federal para evitar a repetição dos desafios enfrentados em 2023, enfatizando a importância da recuperação da rodovia BR-319 como uma alternativa viável para o transporte de cargas na região.



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