Crise da seca na Amazônia

A região norte do Brasil está enfrentando uma crise sem precedentes devido a uma seca histórica que afetou a navegabilidade dos rios amazônicos. Esta seca começou mais cedo e é mais intensa do que o habitual, levando a uma série de impactos negativos. Rios vitais, como o Amazonas e o Negro, estão com níveis de água historicamente baixos, dificultando a navegação de grandes cargueiros e barcaças, usados para o escoamento de commodities do agronegócio e produtos da Zona Franca de Manaus.

Além disso, a seca também está impactando a geração de energia hidrelétrica devido à queda de vazão dos rios, especialmente do Rio Madeira, o que agrava a situação no setor energético. A escassez de água está afetando a população local, prejudicando a alimentação e os cuidados com a higiene, aumentando o risco de doenças associadas ao calor.

Dados da Climatempo mostram que esta é a segunda maior seca desde a registrada sob influência do fenômeno do aquecimento das águas do oceano Pacífico, em 2009-2010. “O El Niño que estamos vivenciando é um dos mais intensos dos últimos anos e está impactando significativamente os padrões climáticos na região Norte do Brasil. O agravante é que este fenômeno ocorre agora de forma conjugada ao aquecimento dos oceanos Atlântico Norte, e não apenas da elevação de temperaturas do Pacífico Equatorial, ao qual o El Niño está associado”, afirma Willians Bini, meteorologista e Head de comunicação da Climatempo.

A seca histórica na região Norte do Brasil está tendo um impacto profundo em várias indústrias e na vida das comunidades locais. No entanto, várias empresas e players do mercado estão tomando medidas criativas e práticas para lidar com a crise, buscando soluções logísticas inovadoras para garantir a continuidade do abastecimento e minimizar os prejuízos econômicos

A empresa Costa Brasil anunciou que está tomando medidas proativas para enfrentar essa crise. Eles criaram uma nova rota de navegação hidroviária em um rio com nível seguro, permitindo um tempo de trânsito de até 10 dias para o transporte de mercadorias. Além disso, ampliaram sua frota rodoviária e oferecem serviços de armazenagem de mercadorias até que a navegação se restabeleça. Também fornecem transporte aéreo de Manaus para Guarulhos e vice-versa, com saídas diárias.

O terminal de contêineres de Vila do Conde, no Pará, da Santos Brasil, se tornou um ponto de parada crucial para navios que precisam reduzir peso para navegar com segurança até Manaus. A carga é transbordada em barcaças, que têm pouca restrição de navegação. A empresa realizou investimentos substanciais em melhorias de infraestrutura para atender a demanda e está expandindo sua capacidade para enfrentar a situação.

A Asia Shipping está oferecendo o serviço Sea-Air, que combina transporte aéreo e marítimo para movimentar cargas na região. Eles reconhecem a necessidade de utilizar vários modais para enfrentar o baixo nível das águas, buscando soluções eficazes para o transporte de mercadorias na região.

As empresas de navegação, como MSC e CMA CGM, estão buscando soluções extraordinárias para ajudar na continuidade do serviço e reduzir os prejuízos. Elas oferecem opções como transferência de cargas para navios de menor calado, estabelecimento de BLs para portos de transbordo e medidas adaptativas para enfrentar a situação excepcional.

A região está enfrentando um desafio sem precedentes, mas a resiliência e a adaptabilidade das empresas desempenham um papel crucial na busca de soluções para esta situação crítica.


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