Indicadores Parallaxis Especial Intermodal

Parallaxis traz os dados relevantes para o comércio exterior brasileiro

O panorama para a economia brasileira continua pernicioso e recessivo para esse ano. A demanda doméstica perdeu seu dinamismo à muito tempo e a crise política tem desnorteado ainda mais os agentes econômicos. O PIB de 2015 revelou a maior contração dos últimos 25 anos. Acreditamos que aprofundamento da atividade já passou pelo seu pior momento, e que agora deverá retrair de maneira menos intensa em 2016, com possibilidade de apresentar algum crescimento em 2017. Nossa expectativa de retração do PIB é de -3,5% (2016) e um resultado entre -0,2% e +0,5% em 2017.

A economia chinesa parece ser a grande incógnita, principalmente no que tange o ritmo de redução do seu crescimento. A bolha na construção civil, inflada pelo governo, a hipertrofia dos investimentos e a hipotrofia do consumo privado, ambos em relação ao PIB, passaram a cobrar sua conta do ajuste deste desequilíbrio de maneira drástica. Os EUA tem encontrado dificuldades para sustentar um ritmo mais rápido de crescimento desde o final da recessão de 2007/2009, com o crescimento médio anual sem conseguir superar 2,5%. O PIB dos EUA deve crescer 2,3% em 2016 e 2,0% em 2017.

A balança comercial brasileira, tem apresentado subsequentes resultados positivos (superávit) a partir de mar/15, atrelado principalmente a desvalorização do real frente ao dólar o que tem favorecido e estimulado as empresas brasileiras direcionarem seus esforços para o mercado internacional, dada a conjuntura econômica doméstica em estágio deletério. Em jan/16, as exportações superaram as compras do exterior, resultando em superávit da balança comercial brasileira de US$ 923 milhões. Nos meses de janeiro entre 2012 e 2015, houve déficit comercial mostrando ponto de inflexão em jan/16. Em fev/15, foi registrado um déficit de US$ 3,17 bilhões já em fev/16 o resultado foi um superávit de US$ 3,0 bilhões.

No Brasil, o dólar acumulou em 2015 uma valorização de 48% frente ao real. A desvalorização do real ocorre basicamente por dois motivos: i) conjuntura externa: tanto pela recuperação da economia norte americana em curso quanto pelo comunicado do FOMC dando sinais de uma menor chance de subida dos juros americanos e ii) conjuntura doméstica: As crises política e econômica brasileiras afastam investidores do país, somados a queda das exportações que reduzem a entrada de dólares na economia. Esse cenário, portanto, tem ocasionado uma desvalorização da moeda brasileira que tem suportado a expansão do nível das exportações, bem como tem restringido as importações por conta desse efeito cambial.

Apesar do cenário frágil da economia brasileira, o panorama setorial portuário mostrou resultados positivos em 2015, puxado principalmente pelo aumento das exportações. A movimentação nos Portos e TUP’s ampliaram 4,3% na ótica do somatório do peso bruto entre 2015 e 2014. No que tange aos portos o aumento foi de 1,8%, enquanto os TUP’s registraram expansão de 5,8% na mesma base de comparação. Os resultados recentes de jan/16 mostram que os TUP’s continuam apresentando crescimento, mesmo que moderado, no volume movimentado expandindo 1,4% em relação a jan/15. Já os portos mostram queda de 13,8% na mesma base de comparação.

Detalhando um pouco mais os resultados da movimentação portuária, os granéis sólidos são destaque positivo na comparação entre o ano fechado de 2015 e 2014, com expansão no volume de carga movimentada na ordem de 7,3%, seguido da carga geral (carga solta + carga em contêiner) apresentaram expansão mais moderada de 1,5%, enquanto os granéis líquidos recuaram 2,2%. Vale ressaltar que as cargas em contêiner, individualmente, registraram recuo no período analisado (-0,7%), enquanto a carga solta apresentou expansão de 6,3%, impulsionando a categoria (carga geral) nessa base comparativa. Em jan/16 todos as categorias anotaram recuo em relação a jan/15.

Analisando o desempenho da movimentação portuária por tipo de navegação, nota-se que cabotagem apresentou crescimento marginal no comparativo entre 2015 e 2014, com expansão no volume de carga movimentada nesse segmento de apenas 0,4%, enquanto que o longo curso apresentou expansão bem mais robusta de 5,5%. Esse resultado remete ao efeito da desvalorização cambial que estimulou a exportação de produtos brasileiros que passaram a ser mais competitivos no mercado internacional, mas que em contrapartida, não veio acompanhado do aumento da utilização da cabotagem na mesma taxa de crescimento, o que poderia ser utilizado para reduzir ainda mais os custos logísticos internos, aumentando a margem das empresas exportadoras.

O mercado de trabalho no setor portuário teve reflexos no que tange ao saldo de movimentação, que significa a diferença entre admissões e demissões, revelando a extinção de exatos 1.000 postos de trabalho em 2015. O estoque de funcionários, que indica o total de empregados no setor, encerrou 2015 com 32.534 funcionários, esse montante é 3,0% menor que o valor registrado no final de 2014 (33.534 postos de trabalho). Em jan/15 o setor registrou demissão de 147 funcionários, já em jan/16 o número se torna positivo com a admissão de 51 funcionários. De acordo com a sazonalidade do setor, fevereiro é um mês positivo para o mercado de trabalho do setor, e deve registrar novos incrementos.

Em relação aos investimentos realizados no setor, podemos analisar através dos desembolsos efetuados pelo BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social), principal fonte de financiamento a crédito subsidiado para obras de infraestrutura, que de 2008 a 2013 o Brasil apresentou um CAGR de 20,9% no aporte de recursos no setor de transporte aquaviário. Se analisarmos o período compreendido entre 2008 e 2015, a CAGR recua para 15,3%, em decorrência do baixo nível registrado no biênio 2014-2015, refletindo principalmente a baixa expectativa dos empresários quanto a dinâmica econômica nesse período.

O preço do petróleo Brent recuou 42,6% em fevereiro em comparação com o ano passado, contudo, subiram 7,8% em comparação com janeiro de 2016. A alta dos preços do Brent em fevereiro se deve à um possível congelamento na produção pelos países do Organização dos Países Exportadores de Petróleo, OPEP. Apesar do Irã não ter acatado a decisão do bloco buscando recuperar sua participação no mercado internacional após anos de sanções econômicas, a expectativa de um melhor ajuste na relação entre oferta e demanda tem favorecido os preços da commodity. Com os baixos preços praticados durante 2015, a extração de petróleo nos Estados Unidos, Brasil e Colômbia também deve ser reduzida.

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Parallaxis

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O desafio primordial da Parallaxis é romper com as análises econômicas convencionais, buscando ferramentas de inteligência artificial para “enxergar aquilo que o mercado não vê”. Com as ferramentas personalizadas para cada cliente, as nuances do mercado podem ser acompanhadas em tempo real por meio de algorítimos que possibilitam análises simples e diretas.

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