ABV pede mais uma força-tarefa para Viracopos

Diante do caos instaurado na liberação de cargas em Viracopos, a administração do aeroporto intervém junto à Anvisa e ao Ministério da Saúde

Diante da situação cada vez mais grave gerada pelo acúmulo de cargas de importação no Aeroporto Internacional de Viracopos, a CCV (Comissão de Cargas de Viracopos) reuniu-se na semana passada para discorrer sobre vários assuntos, dentre os quais o tema principal e, praticamente o único, ficou sendo o gargalo gerado pela vistoria de cargas da Anvisa.

Com a presença do SINDICOMIS, do SINDASP, do CIESP - Campinas, de representantes das Cias, Aéreas e dos transportadores rodoviários de cargas, e sob coordenação do Sr. Adam da ABV, responsável pela gestão do aeroporto, as críticas foram colocadas de forma veemente por todos.

“Entendemos que seja um problema sobre o qual a atual administradora do aeroporto de VCP, não tenha ingerência, mas quando se trata de perda de receitas, eles deveriam, como devem estar, agir com maior pressão, não mais junto ao órgão local, mas em instâncias superiores”, declarou o Diretor Executivo do SINDICOMIS, Aguinaldo Rodrigues. Segundo ele, embora os ofícios relatando prejuízos não parem de brotar, as respostas de fato nunca chegam a tempo de evitar grandes perdas para os importadores.

A ABV, de seu lado, também tem a perder: perde credibilidade e, principalmente, receita, com a evasão dos volumes de carga movimentada. “A carga não distingue nem escolhe portos ou aeroportos com base em alguns poucos serviços, mas considera todos, principalmente aqueles que alteram os custos totais da cadeia logística”, lembrou Rodrigues, destacando que a cadeia logística não se prende somente a um modal, mas de um conjunto de opções de serviços, seja o transporte, sejam os aduaneiros, e até mesmo as funcionalidades do porto ou aeroporto de destino. Sem o retorno esperado do serviço, não há fidelização: “mesmo estando a alguns metros de um aeroporto, um bom prestador de serviços logísticos identifica os problemas e analisa o melhor transit time e o menor custo total, para atender seu cliente”, lembra o diretor do Sindicomis. O quadro atual é determinante para o desvio das cargas de VCP para GRU – ou para Santos. Com isto, sentem (no bolso) os prestadores locais destes serviços, e o próprio administrador ao aeroporto. “Só não se sensibilizam por esta situação os responsáveis pelos serviços nos portos e aeroportos, em especial, neste momento, o de Viracopos”, aponta Aguinaldo Rodrigues.

Ainda assim, demonstrando publicamente a preocupação com o assunto, a ABV divulgou uma carta aos clientes na qual reforça que vem atuando fortemente junto à presidência da Anvisa e Ministério da Saúde, junto ao qual solicitou providências urgentes para a regularização da situação. Entre as reivindicações feitas pela ABV à Anvisa estão o envio de mais uma força-tarefa, que seja mantida até a liberação total das cargas, e o reforço tanto do quadro de fiscais como do modelo de fiscalização a ser aplicado nas operações. Esperando garantir ao usuário que as operações devam voltar à normalidade, ABV informa, na mesma carta, que a Anvisa já sinalizou que deverá enviar a força-tarefa “nos próximos dias, desta vez mais reforçada e com prazo de permanência prolongado”.

Por mais que o aeroporto sinalize o compromisso em resolver a situação, a questão chegou a tal ponto, e ganhou tamanho grau de severidade, que requer esforços mais abrangentes do que os que têm sido dispendidos. Os responsáveis pela inércia, ou inépcia, devem ser penalizados com sanções, além de lhe serem atribuídos os (já elevados) custos totais de uma simples importação ou exportação. “Não adianta perdermos mais tempo com instâncias locais que não têm alçada para resolver os problemas, mesmo que os conheçam bem e até se sensibilizem com a situação. É preciso bater firme no lado funcional do órgão, seja na instância local, seja em instâncias superiores”, reforça o diretor do SINDICOMIS, demonstrando sua indignação: “a acomodação dos órgãos anuentes no Comércio Exterior é tão indecente que chega a ser caso de polícia e da justiça comum”.

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