Setor aéreo registra movimento até 32% inferior a 2014

Dados preliminares que registram o volume de cargas movimentadas pelo modal aéreo de janeiro a novembro indicam que o ano de 2015 deverá fechar com queda de quase um terço



De acordo com a ANAC (Agência Nacional de Aviação Civil), as cargas transportadas por meio aéreo enfrentaram uma queda de 6,1% nos primeiros dez meses do ano de 2015, comparadas à movimentação do ano anterior, quando os dados mundiais apontavam justamente o inverso, com crescimento de 2,6% no período.


O relatório anual da rede TECA, que controla serviços de armazenagem e movimentação de cargas da Infraero, aponta para quedas ainda mais significativas: enquanto as importações por via aérea somaram 126 mil toneladas de janeiro a novembro de 2014, o mesmo período de 2015 chegou a pouco mais de 74 mil toneladas, ou seja: 42% abaixo dos números do ano anterior. Nas exportações, a queda foi quase para a metade do total, passando de 61,1 para 34,4 mil toneladas de 2014 para 2015. Assim também se comportaram as cargas nacionais (tráfego doméstico), que chegaram a 213,4 mil toneladas em 2014, ficando em apenas 161 mil toneladas em 2015, no período compreendido entre janeiro e novembro dos dois anos.


115654_Papel-de-Parede-Aviao-Militar-Para-Carga_1280x800A Rede TECA engloba 28 Terminais de Logística de Carga administrados pela Infraero, espalhados por todo território nacional. Neles são prestados os serviços de armazenagem e capatazia (movimentação) da carga importada, exportada e doméstica. Do total de 28 terminais, 25 operam com importação; 20 com exportação; e 13 com carga nacional. Na estrutura dos TECA, a Infraero exerce o papel de Fiel Depositária da Receita Federal, zelando pela custódia das cargas até o ato de sua entrega ao importador ou companhia aérea, no caso das exportações.


A Infraero também edita anualmente suas estatísticas operacionais para análise de desempenho técnico-operacional da atividade aeroportuária. Para a compilação de dados, o documento é elaborado a partir de registros preenchidos pelas Companhias Aéreas e enviados, por meio eletrônico ou não, a cada aeroporto da rede Infraero. Em seguida, esses dados são tratados e armazenados em um banco único na Sede. A carga aérea apresentada no documento da Infraero limita-se à carga operacional, ou seja, aquela transportada nos porões das aeronaves, e não o conteúdo de carga comercial dos TECAs (Terminais de Logística de Carga) da rede.


De acordo com os dados da Infraero, a carga embarcada em porões de voos comerciais também apresentou queda de 28% no acumulado de janeiro a novembro de 2015 (76,8 mil toneladas), na comparação com o ano anterior (106,4 mil toneladas). Ainda assim, a confiabilidade dos arquivos da Infraero pode estar prejudicada, diz a autoridade, por conta da publicação da Resolução nº 8, de 13 de março de 2007, da ANAC (em vigor), a qual “revoga a obrigatoriedade do envio pelas Empresas Aéreas do RPE aos aeroportos, que era estabelecida pela Portaria 602- GC5, de 22 de setembro de 2000, do Departamento de Aviação Civil, em seu artigo 7º”.


Comprometidos, divergentes ou parciais, todos os dados dos órgãos reguladores apontam para queda na movimentação do modal aéreo. Assim como os outros modais, os aeroportos sofreram especialmente com os atrasos das ações prometidas pelo Programa de Investimentos em Logística (PIL), que prometia leilões e concessões para portos, ferrovias, rodovias e aeroportos, dos quais só se conseguiu tirar de fato do papel o leilão de 3 áreas portuárias em Santos. No setor de aeroportos, as quatro concessões previstas para 2015 (Fortaleza, Salvador, Florianópolis e Porto Alegre) foram adiadas para 2016, agora sem a participação da Infraero no capital do grupo vencedor da disputa. Nos leilões anteriores, a estatal ficou com 49% do capital de cada concessionária, com igual responsabilidade nos investimentos necessários para ampliar e melhorar os serviços dos aeroportos privatizados.



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