Portos do RS prestes a fechar o ciclo da celulose e aumentar a movimentação

Em uma operação extremamente ágil e contínua, planejamento e gestão de espaços são cruciais

Os portos de Pelotas, Rio Grande e Porto Alegre são administrados em conjunto pela SPH (Superintendência de Portos e Hidrovias) do Rio Grande do Sul, e desenvolvem atuações independentes que se caracterizam por uma série de operações conjuntas. Entre elas, está o ciclo da celulose, que vem aumentando significativamente no Estado, com previsão para triplicar o movimento dos portos de Pelotas e Rio Grande até agosto de 2016.

Com foco tanto nas exportações quanto no mercado interno, a CMPC Celulose Rio-grandense, uma empresa com sede em Guaíba, triplicou a sua produção, trazendo vantagens para os portos que possuem acesso hidroviário próximo à sede da empresa.

Pelotas, especialmente, está se preparando para fazer parte de uma triangulação importante no processo produtivo da celulose, já tendo iniciado uma parte da logística da empresa. O Chefe da Divisão do Porto de Pelotas, Cláudio Oliveira, conta que o porto, que movimentava cerca de 400 a 450 mil toneladas ao ano, espera aumentar esse volume para 1,7 milhão de toneladas, com o projeto do terminal de toras da CMPC. “O aumento vai além das obras: com a operação, serão gerados 800 empregos, desde a poda das árvores até o transporte e a própria operação”, completa Oliveira.

A rota prevê o transporte de toras de madeira das florestas de Pelotas para a fábrica em Guaíba, por meio de barcaças no canal São Gonçalo. Em Guaíba, a madeira é processada para a produção de celulose, e segue para o Porto de Rio Grande, também por hidrovia (Lagoa dos Patos). De Rio Grande, a celulose é transportada em navios, e segue pelo mar tanto para longo curso (Estados Unidos, Europa e Ásia) quanto para cabotagem, atendendo ao mercado brasileiro. O porto também opera o transporte de toras, enviadas para processamento ao Portocel, em Vitória (ES).

Instalada no próprio porto de Pelotas, a CMPC tem realizado obras de adequação com investimentos da ordem de R$ 25 milhões, ocupando 23 mil metros quadrados de área dentro do porto, num contrato de 18 meses, prorrogável por outro período igual.

Com a nova logística, que foi possível graças à localização da fábrica em Guaíba, o estado tirou das estradas boa parte do ciclo de transportes, deixando apenas os caminhões para coleta das toras nos 11 municípios cujas florestas fornecem a matéria prima para o porto de Pelotas.

“Uma coisa interessante é que o porto não tinha licenciamento ambiental, um documento que é muito difícil para os portos, e agora já temos a licença”, comemora Cláudio Oliveira, realçando a importância do licenciamento para os novos investimentos.

No Porto de Rio Grande, a celulose já é item de exportação há alguns anos. O Engenheiro Darci Antonio Tartari, Diretor Técnico do porto, também está atento ao aumento esperado pela nova logística da celulose de Guaíba, que já foi inaugurada, porém ainda passa por ajustes no processo produtivo.

Em uma segunda fase, as barcaças que chegarão de Guaíba vão descarregar em Rio Grande e, em seguida, retornar a Pelotas, carregando toras de madeira cortadas nas florestas ao sul do Rio Grande do Sul. Com esse processo, eliminam-se mais 300 Km de rodovia até a fábrica, em Guaíba, usando, como alternativa, as barcaças pela Lagoa dos Patos. Também em Guaíba, as barcaças passam, por um processo de limpeza, explica o engenheiro Tartari: “a celulose exige extremo cuidado, e contaminação zero, uma vez que qualquer contaminante interfere no processo industrial e pode inviabilizar todo um lote”.

O Porto de Rio Grande está atualmente em expansão, com obras que deverão aumentar o cais público do Porto Novo em mais 1125 metros, dos quais 225 já serão inaugurados nesta semana pelo Ministro Helder Barbalho. Outra grande obra realizada atualmente em Rio Grande é a dragagem de manutenção do porto todo, que também é um investimento significativo da SEP (R$ 468 milhões), aumentando o calado da parte interna do porto para a 16m e o canal, para 18m. “A nova obra vai qualificar a infraestrutura do porto para a atração de grandes navios, o que exigem os graneis do complexo agrícola, os bulk carriers, navios que exigem mais calado”, diz Darci Antonio Tartari.

O processo de fabricação e movimentação da celulose é extremamente rápido e contínuo, e qualquer interferência exige ações rápidas, inclusive as climáticas. Por isso, Tartari enfatiza que a administração precisa ser bastante ágil e atenta. “Vivemos hoje no porto um momento de extrema procura por demanda e por infraestrutura de atracação por conta da obra, o que exige atividade e dedicação constantes, para gerir, da forma mais eficiente, o uso daqueles espaços – e tem muita competição de espaço –, entre fertilizantes, toras de madeira e até carga viva”, afirma o diretor de Rio Grande.


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