Abimaq atribui ao câmbio os resultados do segmento, porém aponta para os perigos da volatilidade

O presidente da ABIMAQ, Carlos Pastoriza, concedeu, em São Paulo, entrevista coletiva para divulgar o desempenho do setor de bens de capital mecânicos


Em entrevista coletiva realizada nesta quarta-feira (27) na sede da ABIMAQ (Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos), Carlos Pastoriza falou sobre o desempenho do setor de bens de capital mecânicos e as perspectivas para 2016. De acordo com a Abimaq, as incertezas políticas combinadas com a política econômica recessiva, onde o custo do capital é incompatível com o retorno dos investimentos, tem inviabilizado qualquer decisão de investimento no País.


De acordo com Pastoriza, o mês de dezembro já mostrava quais seriam as características de retração previstas para 2016, com queda de 24,8% do consumo aparente, em relação ao mês anterior. Apesar da desvalorização da moeda nacional, que inflou em 42% o valor dos bens importados, a diminuição de consumo no ano chegou a 11,7% no setor, ou seja: mesmo desconsiderando o efeito cambial, o Brasil refreou as compras em 24,1% no ano passado, em relação a 2014.


Tabela 1






















O efeito sobre o setor de máquinas e equipamentos foi uma receita líquida 14,4% menor (o que teria sido bem mais catastrófico sem a valorização do dólar). Mesmo assim, a redução do déficit na balança comercial de máquinas e equipamentos, de um patamar da ordem de US$ 1,5 bilhão mensal para perto de US$ 1,0 bilhão resulta muito mais da redução das importações do que uma melhora nas exportações.


Ele avalia que tanto as incertezas políticas quanto a política econômica em recessão – em que o custo do capital é incompatível com o retorno dos investimentos – têm inviabilizado qualquer decisão de investimento no país. Ele aponta a volatilidade do câmbio como fator recessivo adicional, à medida que ela aumenta os riscos de “descasamento” entre os preços dos insumos de produção e os preços de venda de máquinas e equipamentos, além de inibir o esforço exportador e as decisões de investimentos no pais.


Em sintonia com as atitudes buscadas por empresas de outros segmentos, Carlos Pastoriza afirma que, apesar de a desvalorização do real ter sido causada por instabilidades políticas e não garanta as vantagens obtidas pela balança comercial nos últimos meses, ela continua sendo “o único instrumento disponível ao setor produtivo na busca por market share no mercado interno, ao substituir bens importados, e no externo” (por conta da competitividade de nossos produtos).


Tabela 2




















Exportações

As exportações em 2015 de US$ 8,030 bilhões, refletem, segundo a associação, queda de 16,2% nas vendas externas em relação às vendas de 2014. E, no entanto, “a paralisia nos financiamentos à exportação, combinada com a volatilidade cambial, são fatores que continuam dificultando o processo de exportações”, relata o presidente da ABIMAQ.


No balanço de 2015, a maioria das empresas registrou exportações abaixo do resultado de 2014, com exceção do setor de Infraestrutura e indústria de base, que atingiu crescimento de 8,3%. Os principais destinos das exportações brasileiras de máquinas e equipamentos (M&E) são, pela ordem, América Latina, Europa e Estados Unidos.

As exportações para a América Latina, incluindo o Mercosul, em 2015, ganharam participação relativa quando comparadas com o ano de 2014, muito mais em função da queda das vendas para o mercado Europeu do que pelo seu crescimento de fato. Nas vendas para os Estados Unidos, o mercado mantém uma trajetória crescente, justificada principalmente pela retomada da atividade industrial.


Importações

Nas importações, que chegaram a US$ 18,818 bilhões no ano de 2015, houve 23,3% de diminuição em relação a 2014, uma queda coerente com o ambiente recessivo na indústria brasileira de transformação, porém que, infelizmente, não foi compensada pelo aumento das vendas no mercado interno pelos fabricantes nacionais. De acordo com Pastoriza, o cenário “confirma uma forte redução da taxa de investimento sobre o PIB pelo terceiro ano consecutivo, reduzindo a probabilidade de crescimento econômico após o ‘ajuste fiscal’”.


China

No comparativo histórico, feito a partir de 2012, enxergamos o fim de um agressivo crescimento no volume de produtos chineses no mercado nacional, além de uma certa estabilidade no market share entre os principais fornecedores de máquinas e equipamentos no Brasil: em 2015, pela primeira vez em 10 anos, a China perde participação relativa no mercado brasileiro.


Indústria Brasileira

Em dezembro de 2015, a indústria brasileira de máquinas e equipamentos mecânicos utilizou 65,8% de sua capacidade instalada. Se comparada ao mês anterior, a queda foi de 5,1%; o mesmo número obtido na comparação com dezembro de 2014 (5,1%). Em contrapartida, a carteira de pedidos, cresceu 6,5% em relação a novembro, ao contrário da sobreposição com os pedidos de dezembro de 2014, que ficaram 3,9% abaixo de 2015.


Para acessar o relatório elaborado pela Abimaq, clique aqui.

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