BREXIT: insight para o setor agrícola?
Clareza pode não ter sido tão positiva e setor já sente os resultados da separação
A saída da Grã-Bretanha Exit do Reino Unido tem sido um tema relevante, e acredito que ainda será nos próximos meses, talvez anos. Mas mas se isso é bom, indiferente ou ruim para o setor agrícola? O bloco econômico perde fundos britânicos para a Política de Agricultura Comum (CAP), enquanto os ingleses sofrem com a pressão inflacionária, alta do custo de trabalho e depreciação de terras agrícolas.
Um estudo realizado pela União Nacional dos Fazendeiros do Reino Unido, em parceria com a Universidade Wageningen, indica que o Reino Unido contribuiu com 4,1 bilhões de euros ao CAP em 2015. Com a separação, os britânicos deverão perder subsídios agrícolas oferecidos pelo CAP, enquanto a compensação do governo britânico aos produtores locais deverá ser menor.
De acordo com José Miguel Gómez, Engenheiro Comercial Especialista em Finanças e Derivados e colaborador da AgroTV, as implicações mais notáveis que terão o Brexit são várias. “Em primeiro lugar, as relações entre o Reino Unido com a EU, terão que negociar uma série de acordos comerciais, imigração, serviços, produtos, fronteiras e até mesmo os vistos necessários e requisitos para a obtenção dos cidadãos de cada lado Canal da Mancha”.
Já a consultoria BMI Research aponta que a saída britânica do bloco deverá ter um impacto "substancial" nas exportações agrícolas do Reino Unido. "Em relação ao comércio bilateral, a União Europeia é a principal parceira do setor agrícola britânico, e o Reino Unido deverá perder o livre acesso ao mercado único quando a saída for consumada oficialmente", indica a consultoria. As importações também deverão subir, provocando uma maior pressão inflacionária.
“Para o resto do mundo será da mesma forma , uma vez que um grande número de acordos de livre comércio , incluindo dispor de Chile, que foram feitas num contexto em que a Grã-Bretanha era parte da UE e , sendo agora um espaço separado com regulamentos próprios e ainda menos influente em receita e volume de mercado, as regras podem mudar”, acrescenta Gómez.
Sobre o Brexit no Chile, o engenheiro destaca que as implicações são importantes. “O Reino Unido não é especialmente protetor de seu comércio agrícola, mas sendo a Libra 5% do total inscrito no Chile pelos conceitos de produtos de exportação, o depreciar em relação ao Peso Chileno, para aqueles que recebem renda vão ver esfumados parte de seus lucros”. De acordo com o consultor, a indústria mais afetada seria a do vinho. “O Chile exporta cerca de US$ 150 milhões de garrafas de vinho que são consumidas no Reino Unido, e este destino absorve 33% do total distribuído na zona euro”.
A BMI ainda afirma que os preços de terras agrícolas deverão ter impacto negativo pela decisão de saída, com queda nos investimentos. "Além da retração dos subsídios, o 'Brexit' tem o potencial de provocar uma consolidação do setor agrícola britânico, já que a receita e valor das terras deverá cair, expondo as operações mais vulneráveis financeiramente. O custo de contratação de trabalhadores rurais, a maioria do leste europeu, também deverá subir com novas políticas migratórias, indica a BMI.

Seja o primeiro a comentar
Os comentários e avaliações são de responsabilidade exclusiva de seus autores e não representam a opinião do Guia Marítimo. Se achar algo que viole os termos de uso, denuncie.