Estaleiro japonês atribui à corrupção prejuízos de R$ 760 milhões no Brasil

A empresa detém 30% de participação no Estaleiro Enseada, uma iniciativa formada pela união de quatro empresas de atuação global: Odebrecht, OAS, UTC e Kawasaki

A Kawasaki Heavy Industries, maior fabricante de navios, trens e outros maquinários pesados do Japão, informou na quinta-feira (14) que deverá registrar perdas de 22,1 bilhões de ienes, equivalentes a R$ 760 milhões, em seus negócios estabelecidos na indústria naval brasileira.


A empresa detém 30% de participação no Estaleiro Enseada, uma iniciativa formada pela união de quatro empresas de atuação global: Odebrecht, OAS, UTC e Kawasaki. A empresa japonesa atribuiu o prejuízo aos escândalos deflagrados na Operação Lava-Jato, em que se envolveram seus parceiros no investimento. Segundo a Kawasaki, “os recentes escândalos de corrupção envolvendo a Petrobras agravaram a situação financeira da empresa”.

De acordo com agência Kyodo, o prejuízo será reportado oficialmente no relatório financeiro a ser divulgado no próximo dia 28 de janeiro.


A Enseada mantém uma carteira de encomendas de US$ 6,5 bilhões e um projeto de construção de seu estaleiro no estado da Bahia, denominado Unidade Paraguaçu. No Rio de Janeiro, a Enseada opera na Unidade Inhaúma, arrendada pela Petrobras desde 2010. Em 2012, a Kawasaki comprou parte da Enseada Industria Naval, assumindo a produção do casco de um navio de perfuração da Petrobras.


Em meados de 2015, a KHI fez parte de um grupo de industriais japoneses que investiram mais de R$ 1 bilhão em três estaleiros nacionais para reunirem-se em Brasília com a presidente Dilma Rousseff, abordando as perspectivas da indústria da construção naval e offshore no país. Os japoneses diziam esperar sinalizações do governo de que a Petrobras iria assegurar a demanda de sondas aos estaleiros, e que a Sete Brasil honraria o pagamento das dívidas.


Os japoneses haviam voltado a investir no Brasil acreditando na demanda do pré-sal e nas encomendas da Petrobras, o cliente único dos grandes estaleiros nacionais. Porém, a crise na indústria petroleira e na Sete Brasil (da qual a Petrobrás é cliente e acionista ao mesmo tempo) já gerava entre eles o receio de que a nova investida no setor no Brasil terminasse em prejuízos. De acordo com o portal de análise de mercado Fairplay IHS, o escândalo brasileiro que comprovou que executivos da Petrobrás pagaram propinas para vencer licitações de contratos também prejudicou estaleiros de Cingapura, como o Keppel Corporation e Sembcorp Marine.


Ao assumir a responsabilidade pelos prejuízos da companhia, o vice-presidente sênior Akio Murakami e mais um diretor da empresa serão rebaixados a partir do dia 1 de fevereiro, de acordo com o relatório elaborado por Paulo Sakamoto para portal de notícias IPC de Tóquio.



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