Bandeira verde e amarela

Para diretor da Mercosul Line, os tempos são de “pensar fora da caixa”

Com investimento de R$ 200 milhões, a Mercosul Line anunciou a expansão da sua frota para quatro embarcações, além da criação de uma nova rota, conhecida como Sling Two, que oferecerá, de acordo com o Diretor Superintendente da empresa, Roberto Rodrigues, paradas nos portos de Buenos Aires (Argentina), Rio Grande (RS), Navegantes (SC), Santos (SP), Suape (PE), Fortaleza (CE) e Salvador (BA). “A chegada do Mercosul Itajaí representa um importante incremento para o mercado de cabotagem. Além de podermos percorrer todos esses portos com maior eficiência e 20% a menos de combustível, já que ele possui um motor mais eficiente, que gera menos potência”, disse o executivo, ressaltando ainda acreditar no desenvolvimento e potencial de conversão do rodoviário para a cabotagem. “O nível de emissões de CO² é bem menor, não importa a maneira calculada. A cabotagem é sem dúvida um modal muito mais eficiente”.

Com 2,5 mil Teus e 198 metros, o Mercosul Itajaí chega após mais de dois anos de estudos da companhia para a ampliação de sua frota. Com bandeira do País e cinco novos portos adicionados ao repertório de serviços, Rodrigues explica que a busca com o lançamento do novo serviço é de poder atuar em mercado ainda inoperantes pela Mercosul Line. “Estamos oferecendo para o cliente a oportunidade de transportar mercadorias entre Santos e Suape pela metade do tempo”, ressaltou, se referindo a redução da viagem entre os dois portos de oito para quatro dias.

Ressaltando a importância do modal não apenas em melhorias para os clientes, mas também como uma oportunidade para as empresas que desejam contribuir para a sociedade, Rodrigues aponta a necessidade de mais planejamento na logística de cabotagem. “Os ganhos são muito maiores do que depender de um caro serviço de transporte rodoviário para transportar produtos pelo país. Eles incluem a redução de congestionamento, acidentes e mortes, além de uma diminuição significativa na cobrança de impostos para a manutenção das estradas”, diz, destacando a segurança da carga como um fator de extrema importância, pois diminui custo. Custo esse, muito significativo para o embarcador. “O custo tem um impacto muito grande para os embarcadores e apesar de ser algo cultural, por termos crescido em cima das rodovias e nascido em cima do caminhão temos uma expectativa muito positiva para a cabotagem. Mesmo diante da crise e dos problemas enfrentados pela logística brasileira”.

Crise

Sem esquecer a crise que o País enfrenta, Rodrigues não suaviza o modal e afirma que “o mercado de cabotagem também está sendo afetado pela crise”, mas tranquiliza: “ainda tem muito espaço disponível, não há dúvidas”. Lembrando do médio desempenho do modal em 2015, que segundo ele, não registrou crescimento de dois dígitos pela primeira vez desde 2009, Rodrigues disse manter expectativas, diante de um cenário de incertezas. “Para 2016 ficaremos muito felizes se os resultados de 2015 se mantiverem”.

Apesar de estar sendo afetado pelo mercado de importação, o executivo disse estar firme nos investimentos. “Estamos aqui para ficar e para investir no mercado e na logística brasileira não só em 2016, mas no médio e longo prazo”.

Ressaltando que na crise também surgem as oportunidades, Rodrigues lembrou que a anos atrás a cabotagem não era completamente viável, porém ao longo dos últimos anos, além dos investimentos das empresas e dos avanços da logística, a cabotagem foi se incrementando e desenvolvendo. “Hoje empresas possuem 95% da sua logística de produção montadas em cima da cabotagem. Nesse período de crise temos notado, além do nosso esforço de vender, pedidos de visita e interessados na cabotagem”.


Limitações ou oportunidades?

Questionado sobre a infraestrutura brasileira, Rodrigues apontou a limitação dos portos como uma oportunidade para a cabotagem. “Ao longo dos últimos dois anos os novos terminais trouxeram um nível de serviço muito grande em Santos, mais rapidez e eficiência. Não temos tido nos últimos dois anos os mesmos gargalos que tínhamos a quatro”. O executivo finalizou dizendo ainda que “precisamos sim evoluir no quesito burocracia, que vai ajudar muito na tomada de uma melhor competitividade da cabotagem”.

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