Norcoast aposta na expansão da cabotagem com integração logística
Durante a Intermodal South America 2025, o Guia Marítimo conversou exclusividade com Fabiano Lorenzi, novo CEO da Norcoast, que destacou os avanços da empresa, os desafios do setor e a visão estratégica para consolidar a cabotagem no Brasil.
Pelo segundo ano consecutivo presente na Intermodal, a Norcoast reforçou seu posicionamento e compromisso com a navegação costeira no país. A empresa, que detém 20% de market share nos portos em que opera e já conquistou mais de 400 clientes ativos.
“A Norcoast opera de Norte a Sul do país, com cobertura em seis portos brasileiros — Paranaguá (PR), Itajaí (SC), Santos (SP), Suape (PE), Pecém (CE) e Manaus (AM) —, sempre com o compromisso de oferecer inovação, flexibilidade e liberdade de escolha às empresas que já aderiram à cabotagem, e principalmente, de abrir portas para aquelas que ainda não experimentaram esse modal”, explicou Lorenzi.
Resultados expressivos em pouco mais de um ano
Com apenas 16 meses de operação — a Norcoast iniciou atividades em fevereiro de 2024 —, a empresa já movimentou 70 mil TEUs, alcançou faturamento de R$ 500 milhões no primeiro ano e se tornou uma realidade consolidada no mercado.
“A receptividade tem sido absurdamente positiva. Isso se traduz em resultado, participação de mercado e reconhecimento. É um privilégio liderar um projeto que nasceu para deixar um legado. Mas sabemos que o setor ainda enfrenta desafios estruturais no Brasil e que a construção de uma operação sólida em infraestrutura exige tempo, confiança e visão de longo prazo — e felizmente temos tudo isso: bons parceiros, acionistas comprometidos e um mercado promissor”, pontuou o CEO.
Integração logística como diferencial competitivo
Mais do que oferecer apenas o transporte marítimo, a Norcoast aposta na estratégia de “One Stop Shop”. A proposta é integrar todos os elos da cadeia logística, do transporte rodoviário de origem e destino à operação portuária, armazéns e serviços digitais.
“Somos um integrador logístico. Nossos ativos principais são os navios, mas o grande valor está na inteligência logística que conecta os modais com eficiência. Contamos com parceiros estratégicos no transporte rodoviário e um trabalho ativo de conversão de embarcadores que ainda não utilizam a cabotagem. Quando eles experimentam, entendem o valor”, explicou Lorenzi.
Cabotagem como alavanca de desenvolvimento logístico
De acordo com dados da ABAC, a cabotagem emite até quatro vezes menos CO₂ do que o modal rodoviário. Ainda assim, responde por apenas 12% do transporte de cargas no país, frente a 61% do modal rodoviário. “Isso impacta diretamente o custo logístico do país. Democratizar o acesso à cabotagem é urgente e necessário”, reforçou.
Lorenzi também reforçou o papel estratégico da cabotagem para reequilibrar a matriz de transporte no Brasil, ainda altamente dependente do modal rodoviário. “A economia brasileira está muito próxima da costa, mas ainda vemos muitos embarcadores que percorrem longas distâncias pela rodovia. Nossa missão é mostrar que a cabotagem é uma alternativa viável, eficiente e sustentável”, afirmou.
Visão de longo prazo e foco na sustentabilidade econômica
Lorenzi destacou que, por se tratar de um negócio de infraestrutura, os retornos são de longo prazo. “Estamos focados nos próximos dois anos para consolidar a sustentabilidade econômica do negócio. Nosso crescimento será sempre pautado pela responsabilidade, sem dar passos maiores que a perna. Hoje não temos planos imediatos de ampliar a frota, mas esse tema certamente estará em pauta futuramente”, disse.
A Norcoast opera atualmente com quatro navios, com capacidade para 3,5 mil TEUs cada. “Precisamos encher os navios para garantir a competitividade. Isso passa por conectividade, bons parceiros e uma visão clara de onde queremos chegar”, completou.
Ecossistema, tecnologia e transformação cultural
Na entrevista, o CEO da Norcoast também abordou os desafios de criar um ecossistema logístico favorável à cabotagem. “Retroportos, armazéns, depots, transportadoras, tudo isso precisa estar bem conectado. No Brasil, a integração leste-oeste é feita por ferrovia, mas a integração norte-sul, da cabotagem, e é aí que entramos. Mas para isso, precisamos de uma base bem estruturada”, afirmou.
Lorenzi também defendeu o papel da infraestrutura como indutora de demanda. “Não podemos esperar a demanda para só então investir. O investimento em infraestrutura atrai a demanda, mas é preciso coragem, visão e apetite ao risco, ainda mais num país com alto custo de capital. Por isso é essencial ter acionistas comprometidos com o longo prazo”, avaliou.
Cabotagem como missão e propósito
Com quase 30 anos de atuação no setor logístico, Lorenzi se declara um defensor da cabotagem. “Meu maior objetivo aqui é fazer esse mercado crescer. Em 2005, movimentávamos 450 mil TEUs. Em 2024, passamos de 1,5 milhão. Isso mostra o potencial e a transformação em curso. Democratizar o acesso à cabotagem é o nosso norte.”
O CEO ainda destacou a importância da Intermodal como palco de discussões relevantes para o setor. “Essa feira é um instrumento estratégico para alinhar interesses comuns e colocar a cabotagem na agenda do desenvolvimento nacional. O mercado já entendeu que ela veio para ficar”, concluiu.

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