Alunos da UniSantos conseguem reduzir em 86% tempo de chegada de contêineres vazios em terminais

Inicialmente, no terminal retroportuário, eram necessárias 334 horas para operar um contêiner vazio

Redação


Especializados no reparo e na armazenagem de contêineres vazios, os Depots são terminais que ficam, geralmente, em áreas retroportuárias, onde as caixas metálicas são vistoriadas, limpas ou reparadas para em seguida, serem carregadas com as mercadorias programadas e seguirem em direção ao embarque em instalações da zona portuária.

Pensando na redução do tempo dos procedimentos realizados nesses terminais especificamente do Porto de Santos, alunos do curso de Engenharia de Produção da UniSantos (Universidade Católica de Santos), conseguiram diminuir em 86% o tempo necessário para os contêineres chegarem vazios e deixarem a instalação prontos para o embarque no complexo.


Adilson Correia Júnior, Ítalo Dadazio e Danilo Kreuz foram os responsáveis pela pesquisa. Segundo Jeová Alves de Araújo, coordenador do curso de Engenharia Portuária da Católica de Santos, os alunos utilizaram como cenário a movimentação de apenas um depot do Porto. Na instalação, foram analisados dados de operações de 6.777 contêineres, movimentados durante 131 dias.


Inicialmente, no terminal retroportuário, eram necessárias 334 horas para operar um contêiner vazio. Este tempo é contabilizado a partir da chegada do contêiner no pátio e se encerra no momento em que ela sai da instalação. Após as análises e as mudanças sugeridas, os estudantes constataram que os mesmos procedimentos podem ser realizados em 44 horas, consumindo 13,17% do tempo original. “Dados operacionais foram trabalhados, desde a chegada da carreta, sua passagem pelo gate (portão da empresa), o acesso ao terminal (depot), a vistoria e o destino ao contêiner, que pode ser a limpeza, a lavagem, a pintura,o reparo ou diretamente a estufagem. Todos esses tempos, os terminais têm registrados. Então, foi feito o levantamento de um porque queríamos estudar um caso específico”, explicou o professor orientador.


Mapeando a duração de todos os processos, os alunos constataram o tempo médio dos procedimentos adotados no terminal. A ideia era analisar cada estação de trabalho separadamente, a fim de identificar gargalos e períodos ociosos no terminal. “Foi utilizada uma técnica da simulação matemática, com a realização da modelagem de um depot existente. Tivemos acesso aos dados reais da operação continuamente por seis meses”, explicou. A modelagem escolhida foi a de Monte Carlo, que possibilita análises quantitativas e tomadas de decisão.


Gargalos

Entre os principais entraves identificados nas operações do terminal retroportuário de contêineres vazios, estavam períodos ociosos e a falta de profissionais e equipamentos que permitiriam um aumento na produtividade da instalação. “Ponho uma pessoa a mais na estufagem ou em outro processo e vejo como isso se comporta, se esses tempos são reduzidos e o resultado é impressionante. Funciona desta maneira: a fila na estação tal é de tantos veículos aguardando. Quando você coloca mais ajudantes ou equipamentos, essa fila reduz. Aí, surge um outro gargalo em outro ponto. Tem que ir tratando por partes como se fosse uma orquestra até ter tudo organizado”, destacou Araújo.


O diferencial do trabalho, segundo o docente, é que o modelo mostra, além de suposições, fatores que podem contribuir para uma baixa produtividade da instalação portuária. “A simulação permite saber, por exemplo, que determinado posto de trabalho é ocioso ou ainda que a operação é maior em um determinado turno de trabalho. Agora, o modelo mostra que é preciso rever aquela situação e distribuir melhor o trabalho. Aponta também quais seriam as maiores demandas dos serviços prestados”.


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