Internet 4G cresce 19% e estimula inovações online no interior

Melhoria da internet no país estimula iniciativas digitais em áreas de menor enfoque do grande mercado. App brasileiro vê nos caminhoneiros a grande expressão dessa melhoria da conectividade

Enquanto o mundo debate a implementação da internet 5G, o Brasil busca sedimentar a conexão 4G em todo o país. As dimensões continentais do território brasileiro são desafiadoras, mas segundo o grupo Telebrasil foram ativadas 14 milhões de novos celulares 4G de janeiro a julho deste ano, totalizando 144 milhões, atingiram 160 novas cidades brasileiras, num total de 4.589 cidades, onde vivem 96,2% da população.

Ainda de acordo com a notícia publicada pelo grupo, nos 12 meses até julho, 23 milhões de novos cartões SIM 4G foram ativados, um crescimento de 19%. O comunicado reforça que as redes de 3G também se ampliaram, alcançando 5.438 municípios, onde moram 99,7% da população brasileira. De julho de 2018 a julho de 2019, 137 novos municípios foram conectados com 3G. No total, o Brasil já conta com 208,3 milhões de acessos à internet pela rede móvel.

A expansão é vista com bons olhos só para a iniciativa privada, mas também para o desenvolvimento econômico do Brasil como um todo. Bernardo Lage é sócio criador do aplicativo de transportes Pega Carga e vê o desenvolvimento da conectividade no país como uma grande oportunidade de prestar o serviço de frete de cargas, bem como facilitar o cotidiano das transportadoras e motoristas autônomos.

“Os caminhoneiros estão cada vez mais integrados a comunicação digital por conta do poder do WhatsApp. O aplicativo de mensagens de texto, voz e ligações via internet é a principal fonte de de comunicação deles com suas famílias, colegas de estrada e até mesmo com as empresas transportadoras. As antigas ligações DDD acabam consumindo todo o crédito dos celulares o que faz a comunicação ficar muito cara. O WhatsApp é limitado e muitas operadoras já dão esse serviço de graça. Então sai mais barato usar um bom pacote de dados do que usar o DDD”, explica o empreendedor.

A percepção de Bernardo é factual. Dados da pesquisa - Perfil dos Caminhoneiros da Confederação Nacional do Transporte (CNT) registram que entre os anos de 2016 e 2019 houve um aumento do uso da internet desses profissionais. Em 2016, segundo o estudo, 64,5% dos autônomos usavam a internet, em 2019 o número de usuários chegou a 86,1%.

A pesquisa mostra que 43,4% dos caminhoneiros de frota usam a internet para os chamados “fins profissionais”. Nos autônomos os números são bem maiores, com 61,8% dos usuários usando a internet para fins de trabalho. Bernardo Lage explica que que o consumo de internet dos profissionais em regime CLT é restrito devido às atribuições profissionais.

“O setor de transporte de cargas brasileiro é um dos mais automatizados não só do país, mas do mundo. Os motivos para essa automatização são a contínua necessidade monitorar a segurança das cargas. E não falamos do ponto de vista físico, mas também contra assaltos. Há também a análise do gerenciamento de risco do principal modal de transporte do Brasil, um país de proporções continentais. No caso dos caminhoneiros autônomos eles têm mais liberdade e então podem usar a internet a qualquer momento. Principalmente para temas profissionais, combinando corridas por aplicativos ou mesmo pelo WhatsApp. São situações que os empregados de frota não tem acesso, pois falam diretamente com seus patrões por outros sistemas profissionais”, explica.

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