1º Anuário do Transporte da CNT mostra os desequilíbrios do setor

Malha rodoviária cresceu apenas 23,2% enquanto a frota saltou 184,2% nos últimos 15 anos. Veja também os setores ferroviário, aquaviário e aéreo

O primeiro Anuário CNT do Transporte, lançado ontem, divulgou os principais dados sobre o transporte multimodal no Brasil, tanto na área de cargas quanto na de passageiros, incluindo estatísticas sobre movimentação, infraestrutura, produção e frota de veículos e composição do setor, em mais de 800 tabelas eletrônicas que podem ser consultadas no site da CNT.

De acordo com o presidente da Confederação Nacional do Transporte, Clésio Andrade, o Anuário mostra a diversidade da atuação dos transportadores, a evolução do setor e os desafios a serem superados. Andrade destaca ainda que havia, desde muitos anos atrás, uma lacuna nas estatísticas dos diferentes modais de transporte do Brasil. “Ao consolidar esse grande volume de dados, o Anuário permite maior agilidade na execução de pesquisas, estudos e análises necessários para a promoção do desenvolvimento do transporte brasileiro, subsidiando e apoiando a gestão do transporte e, principalmente, estimulando o planejamento integrado”. Para a manutenção da série histórica, a CNT pretende atualizar o material anualmente, publicando boletins mensais no próprio site da confederação.

Confira os principais destaques do anuário:

Setor Rodoviário

Nos últimos 15 anos, o Brasil aumentou a quantidade de rodovias pavimentadas em 23,2%, enquanto a frota aumentou 184,2%. Foram acrescentados à malha rodoviária apenas 39,7 mil km, para um modal corresponde a mais de 60% das movimentações de carga. E, ainda assim, segundo a Pesquisa CNT de Rodovias, 48,6% do pavimento da extensão avaliada apresenta algum tipo de problema, tendo classificação regular, ruim ou péssimo.

Setor Ferroviário

A produção de locomotivas cresceu 61,3% em apenas um ano, o melhor resultado para o segmento em 15 anos, atingindo volume recorde, com 129 unidades fabricadas em 2015. Os números foram significativamente maiores no transporte de cargas do que no de passageiros: os dados do Anuário CNT relatam que, entre 2006 e 2015, o aumento do volume de cargas chegou a 39,2%, com 331,7 bilhões de toneladas transportadas por quilômetro útil (TKU).

Setor Aquaviário

Em 2015, os TUPs (Terminais de Uso Privado) movimentaram quase o dobro do total de cargas dos portos organizados: foram 656,4 milhões de toneladas, contra 351,1 milhões nos portos públicos. A movimentação de cargas pelo setor aquaviário também aumentou, chegando a 1 bilhão de toneladas transportadas em 2015, um crescimento que se manteve mesmo diante da crise econômica. O aumento anual para a navegação de longo curso ficou em 5,4%, enquanto a cabotagem se manteve estável. Granéis sólidos representaram a maior parte do que foi movimentado em navios (62,8%), com um volume de 632,7 milhões de toneladas em 2015.

A carga em containers, que representou pouco menos de 10,0% do total das movimentações, teve redução de 1,1% na comparação com 2014, enquanto a carga geral solta aumentou 5,7% em 2015.

Setor Aéreo

No modal aéreo, o crescimento ficou por conta do transporte internacional de cargas com origem ou destino no Brasil, que atingiu 72,1% de crescimento em um período de 11 anos. Enquanto, em 2004, transportavam-se 460,2 milhões de toneladas por via aérea, em 2014 o número havia saltado para 792,3 milhões. Maior parte do volume, no entanto, (618,1 milhões de toneladas) foi transportado por companhias internacionais. Apesar da grande participação das empresas estrangeiras, o mercado doméstico também cresceu: as empresas nacionais movimentaram internamente 410,5 milhões de toneladas de carga em 2014, o que representa um crescimento de 50,3% na comparação com os volumes de 2004.


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