Petroleiras latinoamericanas priorizam exploração de novas reservas de petróleo, mostra pesquisa

Posição é contrária ao acordo assinado por países durante a COP-28; advogada fala sobre importância de estabelecer cronograma de transição que considere necessidades econômicas e compromissos climáticos

O setor de óleo e gás da América Latina ainda tem como estratégia principal a exploração de novas reservas de petróleo. É o que constatou a pesquisa da Aggreko, companhia que atua com soluções de energia para plataformas de petróleo e minas em construção, que ouviu 312 executivos do setor. A prioridade faz parte da opinião de 28% dos entrevistados, enquanto 23% dos profissionais priorizaram aumentar a produção.

A visão desses profissionais vai de contramão ao documento assinado pelos países durante a COP-28, em 2023, na qual acordaram por uma redução no uso de combustíveis fósseis para uma transição energética. Na pesquisa, apenas 7% dos profissionais votaram em práticas mais sustentáveis como principal missão.

Segundo a advogada maritimista Cristina Wadner, do escritório Cristina Wadner Advogadas Associadas, ainda existem alguns desafios para a implantação da energia renovável, especialmente em países emergentes.

"Existe um custo alto e dificuldades logísticas para implementação de práticas sustentáveis no setor. Em países desenvolvidos, boa parte dessas dificuldades já foi superada devido ao fato de terem se industrializado mais cedo, tornando-os mais adiantados na questão da transição energética", contextualiza a especialista.

Wadner aponta a importância de estabelecer um cronograma de transição que considere tanto necessidades econômicas quanto compromissos climáticos. “Tal medida incluiria metas intermediárias de redução da dependência de combustíveis fósseis com prazos factíveis. Isso porque nossa demanda ainda é muito dependente de combustível fóssil e seria ingenuidade da nossa parte acreditar que ele vai sumir do dia para noite”, diz.

Segundo a advogada, o Governo Federal pode liderar a criação de um plano nacional de transição energética que aproveite a expertise do setor petrolífero para desenvolver energias renováveis, especialmente considerando o potencial brasileiro em solar, eólica e hidrogênio verde.

“E além de melhorar os marcos regulatórios para torná-los mais eficientes e transparentes, reduzindo custos desnecessários, é importante fomentar pesquisa e desenvolvimento em tecnologias de transição energética, aproveitando a capacidade técnica já existente no país. O desafio está em equilibrar realismo econômico com urgência climática, criando um caminho que seja tanto ambientalmente responsável quanto economicamente viável”, diz.



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