“Não é uma questão de escolha”, diz executivo acerca das ações de sustentabilidade

Organizações aplicam iniciativas positivas com resultados concretos na busca pela atuação sustentável

Cleci Leão

ambienteEm entrevista ao Guia Marítimo para o Especial Perspectivas, no início de 2016, o executivo da TNT, Murilo Silva falava das ações de sustentabilidade da empresa quando afirmou: “não é uma questão de escolha: Hoje as empresas simplesmente têm que ter uma política de sustentabilidade”. A frase de Murilo é ilustrativa do momento em que tanto os indivíduos quanto as organizações vivem hoje em dia, numa busca ininterrupta por ações que reduzam, mesmo que a passos lentos, os impactos já causados sobre o planeta, que ruma para o fim de seus recursos naturais mais vitais.


O Guia Marítimo mantém o canal aberto para as empresas que demonstram suas iniciativas reais em prol da sustentabilidade, com a cobertura e divulgação de eventos, determinações de autoridades regulatórias e ações corporativas que venham ao encontro desta ideia partilhada tanto pelo executivo da TNT quanto pela maioria das organizações conscientes. Abaixo, acompanhe dois exemplos de atitudes concretas na direção da sustentabilidade.


Ações para sustentabilidade

A Santos Brasil, prestadora de serviços portuários e logísticos criada há 17 anos para operar o Tecon Santos (SP), mantém como uma das principais iniciativas e estratégias para sustentabilidade o Programa Frota Verde para diminuição da emissão de gases de efeito estufa no meio ambiente. A empresa comemora que, desde o final de 2014, a redução relativa (por quilômetro rodado dos veículos) já chegou a aproximadamente 11%.


Começou pela aquisição de uma frota mais moderna, uma iniciativa que a empresa batizou de “Compra Verde” e que já vem sendo priorizado há três anos, com a escolha por veículos com Redução Catalítica Seletiva (SCR), que segue normas do Conama (Conselho Nacional do Meio Ambiente) e são mais eficientes, tanto operacional, quanto ambientalmente. Hoje, 90% da frota de caminhões já usa o diesel S-10, que emite menos enxofre na atmosfera, enquanto mais de 70% dos veículos atendem à norma Euro 5, que determina a redução de emissões de veículos a diesel.


Por meio de monitoramento e divulgação do consumo de cada veículo, a Santos Brasil também realiza um programa de incentivo aos motoristas de sua frota própria, para que sejam corresponsáveis pelo uso do combustível e pela diminuição da emissão de poluentes. O programa “Motorista Sustentável” reconhece os funcionários mais eficientes com uma bonificação financeira, o que já conferiu resultados numéricos: último semestre de 2015, por exemplo, foram 2,61 Km rodados a cada litro abastecido, contra 2,43 Km em janeiro, o que representa um ganho de eficiência de cerca de 7%”, explica o gerente executivo de transporte rodoviário da Santos Brasil, Wendell Fernandes.


“O desafio é fazer com que a gestão sustentável se traduza na prática do dia a dia”, diz a gerente executiva de Comunicação e Sustentabilidade da Santos Brasil, Raquel Ogando. Com a crise hídrica, por exemplo, a companhia decidiu adotar a lavagem a seco de seus veículos, ganhando com economia de água e redução de emissões de gases poluentes. Foram economizados, até o momento, 2,8 milhões de litros de água. O resultado representa 13% de toda a água consumida no ano passado pelas unidades de logística da Santos Brasil. “Buscamos exceder as expectativas de nossos clientes e ao mesmo tempo melhorar nosso desempenho ambiental”, finaliza a executiva da companhia.


Energias sustentáveis

A Ford garante que está na linha de frente da pesquisa de biomateriais na indústria automotiva, utilizando vários desses produtos na fabricação de seus veículos, como soja, coco, casca de arroz, palha de trigo e sisal. A empresa também vem fazendo outros testes par incluir mais itens na lista, como cana de açúcar, milho, bambu, dente-de-leão, algas e até fibra de tomate. O objetivo seria chegar ao índice de 95% de materiais recicláveis e renováveis como combustível de todos os veículos da marca no planeta, como uma estratégia para redução do impacto ambiental.

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Hoje, os caminhões Cargo do Brasil utilizam em seu painel de instrumentos um composto de fibra de sisal desenvolvido localmente, por ser encontrado em abundância no estado da Bahia e adequar-se com facilidade aos processos de moldagem e injeção de peças.


“Antes de serem aprovadas, todas as matérias-primas têm de apresentar a mesma qualidade do material novo e atender os requisitos globais da Ford relativos a desempenho, segurança, aparência e sustentabilidade. Na Europa, por exemplo, já é obrigatório por lei que os veículos tenham uma porcentagem de materiais reciclados na sua fabricação. O Brasil futuramente deve seguir o mesmo caminho e já estamos preparados”, diz Cristiane Gonçalves, supervisora de Engenharia de Materiais da Ford América do Sul.


Na América do Norte, a maior parte dos carros da Ford traz espuma de soja na composição dos bancos. Roupas de algodão, garrafas plásticas, fibra de madeira e palha de trigo são outros materiais usados em modelos como o Escape, Focus Electric e Flex. Pó de coco, extraído da casca do fruto, entra na composição dos protetores de porta-malas de alguns modelos. Desde 2014, a Ford também pesquisa em parceria com a Heinz o uso da fibra de tomate para o desenvolvimento de um material alternativo ao plástico para a produção de suportes de fiação e porta-objetos.

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