A logística, a mobilidade e a internet das coisas

Mobilidade já era para estar implementada em sua empresa. Se não está, sua empresa está atrasada

* Carlos Maffei

O setor logístico no Brasil é ao mesmo tempo, um exemplo a ser seguido, em termos de automação, principalmente quando esta automação está relacionada ao negócio, como esteiras automatizadas, rastreadores de veículos, etiquetas inteligentes e, também, um exemplo negativo, quando se trata de tecnologias de sistemas de gestão, automação de processos administrativos e relacionamento com o cliente e mobilidade na cadeia logística.

Evidente que a legislação brasileira, a infraestrutura das rodovias dos portos e aeroportos, drenam muita energia das empresas de logística, contudo, o mundo passa por grandes transformações, principalmente no hábito das pessoas, com enfoque nas gerações Y e Z. Atender estas mudanças não é uma estratégia é uma necessidade.

Processos cada vez mais interativos com clientes diretos e indiretos são requisitos fundamentais, a mobilidade cresce vertiginosamente em detrimento do contato pessoal e até mesmo por internet tradicional.

A mobilidade não é um modismo, é um pilar de sustentação de negócios e uma fonte inesgotável de oportunidades. Segundo estudos realizados, 90% do tempo na internet é consumido através de dispositivos mobile.

O Uber chocou o mundo e alterou completamente, e de forma definitiva, a maneira como usaremos transporte particular, não há volta. Em seguida, alçou asas para o transporte de cargas, anunciando, na semana passada, a compra de uma empresa especializada no desenvolvimento de veículos sem motorista (Leia no Guia).

A internet das coisas, um conceito abstrato, defendido há anos pelo Gartner, avança de forma rápida. Isto vai ser em breve (não sei quando exatamente) uma revolução. A indústria, a logística, o comércio, clientes e fornecedores serão afetados por esta transformação. O disparo de produção ocorrerá através do uso e não somente pela demanda espontânea ou previsões. Ao consumirmos algo, a rede, ou seja, a internet “vai saber” e interligar a rede de abastecimento. Isto muda tudo na logística, na produção e no comportamento das cadeias produtivas. O crescimento da adoção de novas tecnologias compatíveis com a internet das coisas é exponencial, conforme estudo do Gartner e da Makinsey, que garante, no entanto, que cerca de 30 bilhões de objetos deverão estar conectados à “internet das coisas” já em 2020.

Veiculos cada vez mais inteligentes, autogerenciáveis que de forma automática dispararão não somente alertas, mas informações inteligentes e mudarão o seu comportamento, independente da ação de motoristas. Motoristas serão gerenciados não por respostas, mas pelo comportamento frente “as coisas”. A tributação será mais inteligente mediante ações dos processos de negócio. Pesagem de veículos, tipo de carga, quantidade embarcada, serão dados interligados pela internet das coisas e o seu cliente será afetado por todas essas informações, em breve.

Contudo, existem alertas importantes. Sempre que vamos discutir as inovações numa corporação, temos em mente um mantra: existem produtos e serviços incríveis, deslocados no tempo, mas o que isto significa? Significa que não sairemos hoje desenvolvendo tudo o que é necessário, até porque, não há infraestrutura e “coisas” suficientes. Mas não podemos chegar atrasados, assim como não conseguimos antecipar o futuro.

A recomendação é que estudos comecem a ser feitos imediatamente, buscando alternativas para hoje e para o amanhã. Mobilidade já era para estar implementada em sua empresa, se não está, sua empresa está atrasada. A internet das coisas é para o amanhã, bem pertinho, então é hora de repensar o negócio e estar à frente, pois momentos são pontos de oportunidades e riscos, e como disse Júlio César frente a uma batalha: “a sorte está lançada”.

Carlos Maffei é diretor Comercial de Divisão de Sistemas da Benner

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Opinião

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