Faltam acordos comerciais ao Brasil
Falha limita competitividade do País, que ainda sofre com crise econômica e politica
“Vivemos uma crise que de se estender por mais tempo e ela é mais forte aqui do que lá fora. Temos tido ajustes macros nos últimos anos o que traz problemas caseiros para nós e uma sequência de problemas macroeconômicos”.
Negociações comerciais internacionais não são um processo com ritmo cadenciado há longos anos chacoalhados por pressões ocasionais. Uma delas foi a declaração feita no final de março pela chanceler do governo argentino, Susana Malcorra, sobre a possível suspensão do Brasil do Mercosul caso houvesse desrespeito nos processos eleitorais – pressupondo, portanto, a iminência de “um golpe contra o governo”.
A verdade é que o Brasil, nos últimos anos, ficou muito dependente da venda de commodities para a China, deixando o comércio com os EUA minguar. Além disso, ignorou os alertas no sentido de ampliar o grupo de países com os quais tem acordos. Fato hoje que faz muita falta na opinião de Fernando Camargo, diretor da LCA Consultores. “Vivemos uma crise que de se estender por mais tempo e ela é mais forte aqui do que lá fora. Temos tido ajustes macros nos últimos anos o que traz problemas caseiros para nós. Uma sequência de problemas macroeconômicos”, apontou.
Em 2010, a revista “The Economist” apontou o Brasil com bom desempenho da economia e disse que perspectivas positivas se abririam para o país. Três anos depois, a revista publicou reportagem argumentado que a economia havia desandado. Não é difícil entender porque a revista mudou tão radicalmente de opinião.
No seu Panorama Econômico Mundial, o FMI (Fundo Monetário Internacional) revisou para baixo a expectativa para o crescimento da América Latina em 2015. Uma das razões é a projeção para o PIB brasileiro, que foi cortada de 0,3% para -1%. A expectativa para a Venezuela, de retração de 7%, é pior. Mas o Brasil é a grande economia da região e nosso fraco desempenho em 2015 deverá deixar o PIB sul-americano no campo negativo e o latino americano perto de zero.
Outros países estão enfrentando o mesmo problema do Brasil e se saindo melhor do que nós. É o caso da Colômbia — que tinha o café como maior produto de exportação, lugar hoje ocupado pelo petróleo —, que deve crescer 3,4% este ano. Peru (3,8%), Chile (2,7%), Equador (1,9%) e Bolívia (4,3%), também exportadores de commodities, crescerão mais que o Brasil. Menos, porém, que o esperado.
De acordo com Camargo, para 2016 o que se projeta é uma queda na ordem de 3%, na melhor das hipóteses. Ou seja, de acordo com ele, uma frustração de crescimento nos últimos três anos. “Isso significa uma regressão de crescimento”, afirma. Apontando que, “apesar disso o mercado espera uma recuperação, mesmo que lenta, mas somente a partir de 2018”. Embora lembre que ainda há o pensamento positivo que em 2017 “ainda se espere uma saída da crise, mesmo que lentamente”.
Essa dança das cadeiras, traz mais desafios para o País quando o Brasil já poderia ter uma rede de acordos internacionais que favoreceriam seu acesso a mercados estrangeiros, sem as amarras em relação a seus sócios regionais. Mas essas falhas não implicam que o Brasil estaria melhor, necessariamente, negociando solitariamente acordos extra regionais de livre comércio. Porém para especialistas, “o País se beneficiaria se firmasse acordos com outros países e blocos”
E o mais importante: o ímpeto brasileiro de negociar demanda coordenação com a complexa indústria brasileira. Em outras palavras, os grandes opositores em negociações passadas foram setores pouco competitivos da indústria nacional, e não de parceiros do Mercosul.
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