Alta no preço do combustível eleva fretes e traz desgaste na relação embarcador e transportadora

Achatamento dos preços de fretes tem sido decorrente da situação econômica do País e da excessiva oferta de transporte. Como consequência, as oportunidades viraram, com poucas exceções, uma discussão sobre valores de tabela de fretes

Com o aumento no valor do combustível, o Sindicato das Empresas de Transportes de Cargas do Pará está preocupado. Enquanto o embarcador afirma que houve uma deterioração da relação com as transportadoras por conta dos achatamentos dos preços de fretes, a transportadora diz que o relacionamento é bem melhor do que há alguns anos.

Em uma empresa de transporte de cargas de Belém, por exemplo, que embarca e desembarca cerca de mil carretas todos os dias, o combustível corresponde a 40% do valor do frete cobrado. Um caminhão que faz o trajeto Belém/São Paulo, por exemplo, chega a consumir 2 mil litros de diesel. “O reajuste do combustível tem impacto diretamente na nossa atividade de transporte rodoviário, porque o diesel tem um consumo direto na nossa atividade. Então, isso nos traz uma consequência que é o aumento de custo, e consequentemente tem que haver o repasse desse custo do diesel também ao frete”, comenta o vice-presidente do sindicato Daniel Carvalho.


O desgaste da relação embarcador e transportadora por conta dos achatamentos dos preços de fretes tem sido decorrente da situação econômica do País e da excessiva oferta de transporte. Como consequência, as oportunidades viraram, com poucas exceções, uma discussão sobre valores de tabela de fretes. Entre os principais problemas estão a concentração de volumetria para os últimos dias do mês; lead time apertado, com tempo de carregamento demorado, influenciando negativamente no cumprimento do mesmo; frete baixo, em função do valor agregado baixo do produto e avarias do produto no carregamento e descarregamento.


Na opinião de Mário Melo, vice-presidente da Sindicombustíveis, “você pega o preço novo de pauta, reduz do preço antigo e joga o ICMS em cima. Então, isso corresponde a esse valor de aumento”. O resultado é um frete mais caro do que o próprio produto. No caso do Pará, de toda a arrecadação de ICMS, 25% vem dos combustíveis. Com o aumento no preço da gasolina e do diesel, o Pará vai arrecadar mais R$ 3 milhões ao ano.


A Sefa (Secretaria de Estado da Fazenda) – responsável por avaliar a pauta do imposto - informou que a pauta sofre alteração a cada 15 dias, mas não é determinante para aumentar o preço do combustível. De acordo com o consultor de petróleo e gás, Francinaldo Oliveira, este é um aumento do preço do combustível já nas distribuidoras. “Para isso nós precisamos buscar justificativas, que são o aumento do frete no etanol, as poucas carretas para transportar, o etanol nas usinas está mais caro também, e nós temos um custo imenso de deslocamento da logística. Nós estamos longe dos locais produtores. Tanto do etanol, quanto dos outros combustíveis”, ressaltou.



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