Mais rigor no manuseio de cargas perigosas

As boas práticas no manuseio de cargas perigosas são uma preocupação global, de acordo com o TT Club

O especialista em gerenciamento de riscos e diretor do TT Club, Peregrine Storrs-Fox, apontou para a necessidade de mais rigor no manuseio de cargas perigosas. Segundo Storrs-Fox, a explosão causada no porto chinês de Tianjin, em agosto do ano passado, deve ser considerada um exemplo do motivo pelo qual os operadores de toda a cadeia devem analisar todas as suas práticas de trabalho e procedimentos de risco de maneira mais aprofundada e completa. Com perdas cobertas por seguro estimadas em US$ 2,5 a 3,5 bilhões, o incidente se torna um ponto focal, chamando a atenção para vulnerabilidades em uma série de processos da cadeia global de suprimentos. Realça, especialmente, como a carga em trânsito, declarada com erros potenciais, ou embalada/manuseada incorretamente, pode gerar uma série de danos, perdas e até fatalidades.

A análise do TT Club sobre o histórico de sinistralidades revela que, em geral, as causas dos incidentes se concentram primordialmente em apenas cinco classificações. Cerca de dois terços, tanto do valor quanto da quantidade de incidentes, estão relacionados à soma de acidentes com veículos, tanto de colisões de tráfego quanto de equipamentos de manuseio de cargas, fogo, roubo e mal acondicionamento de cargas. O estudo, que considerou incidentes ocorridos durante cinco anos, englobou 7.500 sinistros, com um total de prêmios em valor chegando a cerca de US$ 500 milhões. Os impactos econômicos totais, que, de acordo com estudos, poderiam ser muito maiores do que as perdas seguradas, deveriam, na realidade, contar como perdas associadas, tais como tempo de gerenciamento e fator de distração, bem como danos à reputação. Apesar de haver uma consistência substancial na significância de cada uma das causas a cada ano, é bastante notável que os custos relacionados a incêndio são quase invariavelmente desproporcionais à quantidade de incidentes.

Storrs-Fox menciona que avaliações de risco feitas nos portos nos últimos 12 a 18 meses, descobriu-se muito baixo grau de adesão às normas de segregação estabelecidas para cargas perigosas. Levado à esfera internacional, o problema é abordado pelo documento da IMO (International Maritime Organization) que recomenda práticas a serem seguidas no manuseio de cargas perigosas, ‘Recommendations on the Safe Transport of Dangerous Cargoes & related Activities in Port Areas’ (MSC.1/Circ.1216 (2007). No entanto, cada país também possui um código de atuação que deve ser atendido nos portos.

Considerando a necessidade de seguir as normas em outras partes da cadeia de suprimentos, não apenas na fiscalização das regulamentações, mas na promoção da cultura corporativa para que elas sejam seguidas, o TT Club sugere que talvez seja a hora de a IMO realizar uma revisão nas regras, acrescentando alguns itens, de maneira a ganhar mais adesão regional. Claramente, as práticas de manuseio com materiais perigosos requerem melhor integração global, de maneira a serem melhoradas, com vistas ao aumento da segurança dos trabalhadores e de terceiros, assim como em prol da manutenção da integridade da carga e da infraestrutura de transportes.

O TT Club é líder global em segurança e gerenciamento de riscos para a indústria internacional de transportes e logísticas, fundado em 1968, que tem entre os associados operadores de navios, portos, terminais, operadores rodoviários, ferroviários e aeroviários, além de operadores logísticos e intermediários de containers.

Seja o primeiro a comentar

Os comentários e avaliações são de responsabilidade exclusiva de seus autores e não representam a opinião do Guia Marítimo. Se achar algo que viole os termos de uso, denuncie.