Estudo detalha cadeias produtivas na América do Sul

Ipea e Cepal apresentaram, em seminário realizado nesta quarta-feira, em Brasília, a matriz de insumo-produto da região

O Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada), em parceria com o Cepal (Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe), da ONU, divulgaram nesta quarta-feira (6) o primeiro estudo sobre as Cadeias Produtivas na América do Sul. O objetivo do documento é analisar as cadeias produtivas interconectadas de 10 países sul-americanos: Argentina, Bolívia, Brasil, Colômbia, Chile, Equador, Paraguai, Peru, Uruguai e Venezuela. A matriz regional trabalhou 40 setores, incluindo petróleo e mineração; química e farmácia; agricultura, silvicultura, caça e pesca; comércio; serviços de transporte; eletricidade, água e gás.

Para custeio do trabalho Ipea e o Cepal contaram com recursos da ABDI (Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial), do BID (Banco Interamericano de Desenvolvimento) e do CAF (Banco de Desenvolvimento da América Latina). A pesquisa foi apresentada pelo presidente do Ipea, Ernesto Lozardo; o diretor da Cepal no Brasil, Carlos Mussi; o presidente da ABDI, Luiz Augusto de Souza Ferreira; o representante do BID Hugo Florez Timoran; e o representante do CAF Victor Rico.

Renato Baumann, coordenador do projeto e técnico de planejamento e pesquisa do Ipea, explicou que existe uma percepção de que as cadeias de valor passarão gradualmente a se concentrar no nível regional, em função de diversos fatores, entre eles as novas tecnologias de produção. (Leia no Guia a mesma tendência observada pelos especialistas da Transport Intelligence, do Reino Unido)

“A América Latina participa pouco das cadeias globais – no caso do Brasil, basicamente como fornecedor de matérias-primas. Há evidência de que complementaridade produtiva tem sido um elemento importante como fonte de competitividade industrial, e é hora de se pensar em criar cadeias produtivas na América do Sul”, explicou Baumann.

Uma análise realizada pelo professor Renato Flores, do Núcleo de Prospecção e Inteligência Internacional da Fundação Getulio Vargas, com base na matriz, concluiu que Brasil, Colômbia e Venezuela são as economias mais fechadas da região. “O Brasil não tem, em nenhum dos 40 setores integrantes da matriz, contrapartidas de valor adicionado estrangeiro superiores a 10%. É uma economia muito fechada, um gigante egoísta”, afirmou Flores. Segundo a análise, dos 40 setores, 38 têm valor adicionado devido à participação dos demais nove países sul-americanos (PIB) inferior a 4%. “Para cada setor de um país, calculamos o quanto do valor adicionado é devido à produção de outros países. Isso é uma outra medida da integração. Fizemos isso para cada país, para cada um dos setores”, disse o professor da FGV.

A Colômbia, por sua vez, possui apenas um setor com mais de 10% de valor adicionado por outros países: Máquinas e aparelhos elétricos. Já a Venezuela tem três setores acima dos 10%: Veículos automotivos, reboques e semirreboques, calçados e outros alimentos processados. Por essa metodologia, os países mais integrados da região são Uruguai, Bolívia e Paraguai.

A partir do material, é possível verificar a origem e o destino da produção dos países e traçar estratégias para otimizar as cadeias logísticas e de suprimentos com vistas a um melhor equilíbrio da balança comercial dos países. Publicadas em espanhol e inglês, as planilhas do estudo estão disponíveis no site do Ipea e podem ser baixadas por este link.


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