Carga mal declarada, em números
Robert Grantham lista recomendações para evitar riscos à carga e à navegação
Em complemento à matéria publicada pelo Guia Marítimo News no início da semana sobre os acidentes marítimos causados por erros na declaração de cargas, o colunista Robert Grantham ilustrou as estatísticas publicadas pelo CINS (Cargo Incident Notification System) e traçou uma analogia com a realidade brasileira.
O artigo falava sobre a preocupação de operadores e seguradoras com a falta de precisão da documentação de embarque, que muitas vezes falha ao determinar o código IMDG (International Maritime Dangerous Goods) e causa acidentes oriundos de acomodação indevida, de equipamentos inadequados, ou mesmo das próprias características da substância (Leia no Guia).
Grantham elaborou o seguinte gráfico que ilustra causas de acidentes, com base no último levantamento do CINS:
“Observa-se do gráfico acima que 27% dos incidentes referiram-se a vazamentos e 46% a carga mal declarada. Quando se analisam as regiões de embarque das cargas que mais geraram incidentes, verificamos que a América do Sul tem pouca expressão (6%) enquanto que a China representa 22% seguido da Ásia-Pacifico com 18% e a Europa, 15%”, afirma o colunista.
Grantham determina também o fluxo de cargas por região e alerta: “é importante que os exportadores estejam atentos aos cuidados a serem tomados quando embarcando cargas classificadas como perigosas”:
Apesar da pouca incidência relativa de incidentes a partir dos portos brasileiros, Robert Grantham enumera uma lista de ações necessárias para o embarque correto de mercadorias perigosas:
• Declaração precisa do nome da mercadoria, de acordo com o código IMDG
• Uso de embalagem adequada
• Marcação e documentação com descrição acurada
• Profissionalismo no processo de estufagem do contêiner
• Uso de boas práticas e “compliance” pelas empresas e seus empregados
• Controle rigoroso de qualidade ao longo do processo de produção
• Manipulação adequada do contêiner ao movê-lo.
“Lembro-me de um incidente em que estive envolvido como agente do navio. Foi feito um carregamento em Buenos Aires de determinada mercadoria, acondicionada em tambores, com destino ao Oriente Médio. De lá o navio seguiu para Santos e depois se dirigiu a Itajaí. Chegando ao porto catarinense o comandante reportou que os containers estavam vazando e exalando um cheiro insuportável, impossível até de as pessoas se aproximarem do local onde se encontravam estivados, por risco à saúde. Diante do problema, o porto não autorizou a movimentação desses containers, e o navio foi obrigado a retornar a Buenos Aires, para devolver a carga ao exportador. Descobriu-se depois que os tambores tinham um defeito de fabricação, e o produto, quando embarcado, estava sólido (devido à temperatura na Argentina – era julho). Chegando a Santos, ele se liquefez, passando então a vazar. O exportador acabou responsabilizado por todo o custo que esse incidente gerou para o armador”, conta o colunista, lembrando que as recomendações e as preocupações de todos os envolvidos na cadeia logística não são meros detalhes, mas sim ações cruciais para a segurança da carga – e da viagem toda – e não podem ser negligenciadas.

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