Nomenclatura correta é imprescindível para cargas perigosas

Confusões na declaração de cargas perigosas são responsáveis por 27% dos acidentes

Enquanto o mundo se preocupou com a pesagem de containers em atendimento às novas normas da IMO para verificação da massa bruta das unidades, o CINS, sistema internacional que reúne os incidentes com cargas relatou que, no período compreendido entre 2013 e 2014, 27% dos sinistros ocorreram por erro na declaração de conteúdo das cargas, e não do peso.

“Mercadorias perigosas devem ser transportadas de acordo com as indicações do IMDG (sigla em inglês para o Código Marítimo Internacional de Mercadorias Perigosas), que é um conjunto de regras globalmente aceitas para tornar seguro o transporte oceânico de cargas perigosas”, declarou o assessor do clube britânico de resseguros P&I, David Nichol, para o Lloyd's List. A quantidade de cargas perigosas transportadas mundialmente representa 10% de todo o volume movimentado, de modo que todos os serviços que envolvem containers estão enquadrados no escopo do código.

O hipoclorito de cálcio, Ca (ClO)2, que é instável em altas temperaturas e pode causar incêndio e explosões, e geralmente é carregado com declarações mal elaboradas. “Houve casos em que o hipoclorito de cálcio foi declarado como cloreto de cálcio, CaCl2, ou outro produto, como bicarbonato de sódio, pó descolorante, cloro granulado, desinfetante, hy-clor, cloreto de cal ou cal clorada, CaCl(ClO)”, contou o analista.

Nichol ressalta ainda a importância de fazer com que todos os operadores e tripulação sigam os passos determinados pelo IMDG para o manuseio e estocagem das mercadorias perigosas, para reduzir o risco de incidentes de emergência, assim como prover um fluxo generoso de informações para que a equipe esteja preparada para tomar as medidas necessárias com agilidade em caso de acidente. “Para isso, o capitão do navio deve dispor de uma descrição completa e universalmente reconhecida das mercadorias e do potencial de periculosidade que elas podem apresentar”, afirmou o especialista, que enumerou, entre os fatores que contribuem para incidentes, a declaração incorreta – ou a falta dela – por parte do embarcador. Incluem-se na lista de incorreções a qualidade e o tipo de embalagem utilizado, a precisão da documentação, e o erro nas instruções de manuseio dos containers.

O IMDG exige que a carga seja declarada por seu nome de embarque, para evitar problemas com a nomenclatura. O Hipoclorito de cálcio já é um nome de embarque e a regra é que ele somente pode ser transportado com esse nome, seguido da nomenclatura apropriada das Nações Unidas. Devido ao grande número de confusões relatadas especificamente com o hipoclorito de cálcio, o Grupo Internacional de P&I Clubs, em conjunto com membros do CINS, publicaram recentemente um novo manual de instruções passo-a-passo para o transporte de hipoclorito de cálcio em containers, esperando que, a partir de agora, as normas fiquem mais claras e os procedimentos melhorem a segurança do transporte, adequando a categorização, a seleção de containers, a estufagem e a acomodação a bordo dos navios.

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