Produtores de orgânicos apostam no mercado externo

Em parceria com a Apex, o Projeto Organics Brasil viabiliza a exposição de produtos brasileiros no mercado internacional e assessora as negociações comerciais

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A balança comercial brasileira é bastante dependente das exportações de commodities, que foram as responsáveis pela manutenção do superávit registrado em 2015, essencialmente atrelado à alta cotação do dólar. Ao mesmo tempo, a produção agrícola brasileira sofre com falta de infraestrutura e tecnologia, o que deixa as safras bastante dependentes de fertilizantes e defensivos: de acordo com pesquisa realizada pelo jornal espanhol “El Pais”, 70% dos alimentos brasileiros contêm agrotóxicos. O alarme é ainda mais estridente: segundo o INCA (Instituto Nacional do Câncer), cada brasileiro consome cerca de cinco litros de venenos de uso agrícola por ano.


Para se proteger contra a ingestão dos agrotóxicos, muitos consumidores têm optado por alimentos orgânicos, embora eles ainda sejam cerca de 30% mais caros e não estejam disponíveis em todos os pontos de vendas.


Os produtos orgânicos vêm ganhando o mercado nacional, porém também mantêm o foco nas exportações desde 2005, por meio do Projeto Organics Brasil. Resultado de uma ação conjunta da iniciativa privada com o IPD (Instituto de Promoção do Desenvolvimento) e da Apex-Brasil (Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos), o Organics Brasil oferece uma base institucional criada para fortalecer o setor brasileiro de orgânicos e viabilizar sua expansão no mercado internacional.


Com suas 77 empresas associadas, o projeto viabiliza a exposição de produtos brasileiros no mercado internacional e assessora as negociações comerciais entre representantes nacionais e internacionais, e os compradores estrangeiros. Em 2015, o grupo atingiu um faturamento de US$ 160 milhões de dólares em exportação, e a meta desse ano é crescer entre 10% e 15%. O coordenador executivo do Projeto Organics Brasil, Ming Liu, comemora o desempenho: “Tivemos um aumento de 15% em relação a 2014, e este crescimento reflete a tendência mundial do segmento. Em relação a 2013, tivemos uma grande recuperação, em parte por consequência da desvalorização da moeda nacional, o que tornou mais competitivos os produtos nacionais.


Para a indústria dos orgânicos em geral, 2015 foi um ano bastante positivo: o mercado global atingiu a marca de US$ 72 bilhões de dólares, com taxas de crescimento na ordem de 11,5% em comparação com 2014. A grande surpresa em 2015 foi o surgimento da China como o 4º maior mercado mundial de orgânicos, atrás apenas dos Estados Unidos, Alemanha e França”, disse o coordenador do Organics Brasil.


No Brasil, o mercado de orgânicos movimenta hoje R$ 2,5 bilhões, já contando com as exportações, um número que deve crescer expressivos 30 a 35% em 2016, graças à expansão da cadeia para os produtos lácteos e de origem animal, que têm maior valor agregado.


O levantamento feito em conjunto com as empresas associadas reporta que os dez maiores destinos de exportação foram EUA, Alemanha, Holanda, Canadá, França, Reino Unido, Argentina, Austrália, Suécia e Bélgica, em ordem de volume de compras, além de Japão, Suíça e Coreia do Sul.


Os principais produtos exportados foram matérias primas semiprocessadas, como: açúcar, óleo de dendê e outros óleos vegetais, castanha de caju, sucos de frutas (açaí), mel, erva-mate, frutas tropicais congeladas, café, preparações capilares, própolis e cachaça.


O Projeto Organics Brasil vem trabalhando a imagem dos produtos brasileiros nos mercados externos há dez anos, em conjunto com suas associadas, 58% das quais são micro e pequenas empresas. Para 2016, a meta do projeto é aumentar as exportações em pelo menos 10% no total de faturamento. Entre as empresas associadas, estão: 100% Amazônia, Agropalma, Bela Iaça (Açaí), Casa Apis, Minamel, Nutribotânica, Jalles Machado, Resibrás, Triunfo, Usibrás (Du Norte Castanhas) e Usina São Francisco (Native).



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