Reforma tributária exige reconfiguração da logística e força modernização no transporte
Com início previsto para 2026 e transição completa até 2033, a reforma tributária brasileira provocará impactos diretos no setor de transportes e logística. A principal mudança: a tributação passa a ser feita no local de consumo, e não mais no local de origem do produto ou serviço. Essa alteração estrutural muda o centro de gravidade das operações logísticas no país.
“Com o novo local de tributação, as empresas vão precisar de novas estratégias logísticas, deslocando centros de distribuição e industrialização para mais perto do consumo”, explica Lucas Ribeiro, CEO da ROIT, empresa de inteligência artificial especializada em soluções para a reforma tributária.
Ribeiro é um dos principais especialistas do tema, tendo participado de debates no Congresso e lançado a Calculadora da Reforma Tributária, que simula os impactos práticos das mudanças. Ele destaca ainda o fim dos incentivos fiscais — que desaparecem progressivamente a partir de 2029 até sua extinção total em 2033 — como fator que desestimula o chamado turismo tributário entre estados.
Transporte no Simples será afetado
As transportadoras optantes pelo Simples Nacional, cerca de 200 mil no Brasil, devem sofrer impactos consideráveis. Isso porque acumulam tributos sobre insumos como combustível, manutenção, pedágio e peças, mas têm crédito tributário limitado.
“Na prática, essas empresas terão que migrar para o regime regular, operando como se estivessem no Lucro Real — o que representa um grande desafio operacional”, avalia Ribeiro.
Outro fator preocupante é a folha de pagamento, que é um dos principais insumos do setor, mas não gera créditos no novo modelo tributário. Isso pode elevar ainda mais os custos das transportadoras, principalmente quando o serviço é prestado para consumidores finais, MEIs ou empresas do Simples.
Inovação e tecnologia tornam-se essenciais
Diante desse cenário, a digitalização da gestão logística se torna uma necessidade urgente. Empresas que investem em tecnologia saem na frente na adaptação ao novo modelo.
A Gestran, especializada em softwares para transportadoras, tem investido fortemente em soluções digitais. Com sede em Curitiba e atuação nacional, a empresa lançou recentemente o Open Fleet, uma plataforma aberta de APIs para gestão de frotas, e o PneuFit, voltado ao controle e aumento da vida útil dos pneus.
“Só a gestão de pneus pode reduzir em até 25% os custos operacionais. Já o controle de combustível é essencial para combater desperdícios. Com o custo da frota sendo o principal insumo do setor, reduzir essas despesas é vital”, afirma Paulo Raymundi, CEO da Gestran.
A reforma tributária, portanto, impõe um novo modelo logístico e fiscal ao setor de transporte. Adaptar-se será um desafio — mas também uma grande oportunidade para quem investir em inteligência fiscal e eficiência operacional.

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