O que será do NAFTA, o que será da TPP, o que será do Brasil?

Apesar dos diferentes ângulos sobre o futuro do novo governo americano, as preocupações convergem

“Acordos comerciais seriam a solução, e não o problema”, afirmou o presidente do segmento de cargas da FedEx, Michael L. Ducker, na mesma manhã em que aconteceram as eleições presidenciais dos Estados Unidos, em uma tentativa de defender a Parceria do Transpacífico durante a conferência Inland Distribution, realizada pelo Journal of Commerce.

“Este país precisa da TPP”, afirmou o Ducker, lembrando que a FedEx é uma empresa norte-americana totalmente edificada sobre o comércio global – e 100% comprometida com o Transpacífico, embora Ducker tenha reconhecido que tanto a parceria quanto o NAFTA estejam diante de um desafio imenso após a escolha eleitoral dos Estados Unidos.

Durante a campanha, o então candidato Donald Trump chegou a classificar o NAFTA como “pior acordo da história”, afirmando suas intenções de renegociá-lo ou simplesmente deixá-lo caducar – acrescentou também que os Estados Unidos iriam se retirar da TPP.

Apesar das incisivas de Trump contra o NAFTA, “a coisa não é tão simples assim”, afirmou o presidente de políticas aduaneiras e cadeia de suprimentos da Federação Nacional de Varejo dos Estados Unidos, Jonathan Gold também durante a conferência do JOC. “México e Canadá serão acionados? Não podemos nos retirar assim, de maneira unilateral”, afirmou Gold. Ele lembrou que as empresas que dependem do comércio multilateral também precisam ser ouvidas. “Se a nossa intenção é analisar como melhorar a economia, não podemos simplesmente fechar as fronteiras”.

O fato é que, desde as eleições, o discurso pungente de Trump já surtiu alguns efeitos. O presidente mexicano Enrique Peña Nieto, e o Primeiro Ministro canadense, Justin Trudeau já afirmaram que estão dispostos a renegociar a estrutura do NAFTA – algo que muitos não consideram uma má ideia, afirma o JOC em artigo, uma vez que muita coisa já mudou desde os anos 1990, quando se estabeleceu o acordo.

E para o Brasil, o que muda? 

Nesta manhã, a AMCHAM – SP (Câmara de Comércio Brasil – Estados Unidos) promove um debate sobre impacto das eleições americanas no Brasil, com a presença da Embaixadora dos EUA, Ministério das Relações Exteriores, Liliana Ayalde, e da mídia internacional como Financial Times e Bloomberg News.

Os impactos da eleição de Donald Trump nos negócios também serão discutidos por dirigentes das multinacionais brasileiras JBS e Stefanini, ambas com forte presença nos EUA. Entre os painelistas, estarão Jerry O'Callaghan, diretor de relações com investidores da JBS, Ailtom Nascimento, vice-presidente global da Stefanini, Welber Barral, ex-secretário de Comércio Exterior do MDIC, presidente do Comitê de Comércio Exterior da Amcham e sócio da Barral M. Jorge Consultoria, e moderador do painel.

Trazendo a visão do governo brasileiro sobre a mudança de governo nos Estados Unidos, o evento o terá a presença do diretor do Departamento dos Estados Unidos, Canadá e Assuntos Interamericanos do MRE (Ministério das Relações Exteriores), Ernesto Henrique Fraga Araújo, além de multinacionais brasileiras, universidades, institutos acadêmicos e a mídia, entre elas o Guia Marítimo. Acompanhe os principais tópicos do evento, em tempo real, no perfil do Facebook do Grupo Guia. 

A visão das universidades e institutos será compartilhada por Christopher Sabatini, da Columbia University, Paulo Sottero, diretor do Brazil Institute of the Woodrow Wilson International Center for Scholar, e Peter Hakim, presidente emérito do Leadership for Americas. O moderador será Marcos Troyjo, diretor do BricLab da Columbia University.

1 Comentário

Os comentários e avaliações são de responsabilidade exclusiva de seus autores e não representam a opinião do Guia Marítimo. Se achar algo que viole os termos de uso, denuncie.

  • K
    denuncie

    Kleyn Guerreiro

    18/11/2016 17:42

    Se o TPP for barrado por Trump pragmaticamente será bom para o Brasil, que está fora dele. Em nova negociação, o governo atual, sem diplomacia ideológica, pode incluir o Brasil.