Tendências para a Cadeia do Frio

Com a reativação de navios convencionais e novas encomendas de porta-contêineres refrigerados, mercado de perecíveis tende a crescer de 4 a 5% ao ano até 2030.

O instituto de pesquisas Dynamar publicou recentemente, em sua série Shipping Insight , a última edição de análise do mercado de carga refrigerada “DYNAMAR Reefer Analysis: Market Structure, Conventional, Containers”. Entre os destaques do documento, estão a diminuição do sucateamento da frota de navios reefer, e as novas encomendas de embarcações para contêineres refrigerados, de menor porte, porém com serviços mais frequentes do que os porta-contêineres para carga comum.


A influência do petróleo foi decisiva para a mudança do mercado, que promete crescer na mesma medida em que a população mundial continua aumentando e o fluxo transoceânico de perecíveis acompanha as novas demandas. De acordo com o relatório, a indústria de produtos frescos já representa 2,7% do mercado transoceânico mundial de cargas secas de todos os tipos, com uma frota contêineres refrigerados de 2,6 milhões de Teus, em registros de 2015. A tendência é que a oferta de navios reefer convencionais deva cair em 41% até 2025, chegando a 120 milhões de pés cúbicos (cft) em 2025 (3,4 milhões de m³). Hoje, a capacidade anual do transporte em contêineres refrigerados já excede o espaço convencional em 6,5 vezes. No entanto, em 2015, quase não houve sucateamento de frota convencionais, enquanto 15 novas unidades de porta-contêineres refrigerados foram encomendadas aos estaleiros.


Contexto

Estima-se que, em 2015, foram transportados 105 milhões de toneladas de produtos frescos tanto em navios reefer convencionais quanto em contêineres refrigerados. Isso significa cerca de 16.400 carregamentos em navios reefer de 500 mil cft em média, ou 3,5 milhões de contêineres refrigerados de 40 pés. E ainda assim, o transporte marítimo de produtos frescos representa somente 2,7% do volume mundial de carregamentos transoceânicos de cargas secas.


Crescer é o único caminho

Em 2015, a contagem da população mundial chegou aos 7,4 bilhões, com estimativas de crescimento para 8,5 bilhões até 2030, o que promete um aumento na produção de alimentos perecíveis e, consequentemente induz a um número maior de embarques de menor volume. A navegação oceânica de refrigerados é um segmento importantíssimo na cadeia mundial do frio, uma atividade que requer cada vez mais uma logística complexa, fragmentada e dinâmica.


A expectativa é de que, até 2020, o comércio de perecíveis por via oceânica apresente uma expansão anual de 4 a 5%, a considerar pelos números registrados em 2014 e 2015, mesmo com a retração geral dos mercados.


A tendência que veio para ficar

A substituição do transporte em navios reefer pelo uso de contêineres refrigerados vem sendo uma tendência fortíssima nos últimos anos, o que se confirmou pelo sucateamento de mais de metade da frota mundial de navios convencionais desde a virada do século, com a encomenda praticamente nula de novas embarcações, enquanto os serviços operados migravam cada vez mais para os grandes navios porta-contêineres. Esse cenário fez com que os 60% de fatia de mercado que o segmento de navios refrigerados ocupava no ano 2000 caísse para cerca de 26% em 2014.


A influência do petróleo

A queda vertiginosa nos preços de petróleo e, consequentemente, do bunker (de US$ 300 para US$ 130 por tonelada em apenas 12 meses) fez com que navios antigos, com consumo inapropriado, voltassem a ser competitivos novamente. Isso fez com que a demolição, ou o sucateamento das embarcações, fosse refreado, chegando ao menor número registrado desde 2007: apenas cinco unidades, contrastando com as onze sucateadas em 2011. Houve, inclusive, um embarcador de frutas que voltou, ainda que temporariamente, a transportar em navio convencional, abandonando o transporte em contêiner.


Reversão total

De fato, o último ano demonstrou uma reversão quase completa daquilo a que o mercado de navegação tinha se acostumado: pouquíssimo sucateamento, encomendas de embarcações menores (cerca de 350.000 cft), aumento de navios reefer convencionais e incremento de quatro (talvez seis) novos navios porta-contêineres de 2.200 Teus, totalmente dedicados à carga refrigerada.

Previsão incerta

Diante do panorama atual do mercado, qualquer previsão tende a se mostrar arriscada. A contar pelo ritmo do sucateamento e o aumento da idade da frota demolida, somados ao número substancial de novas encomendas aos estaleiros, teoricamente, teremos, nos próximos dez anos, uma frota de navios convencionais refrigerados com capacidade para 120 milhões de cft, ou seja: 41% a menos do que a oferta atual. No entanto, se a troca para a modalidade de transporte em contêineres, como vem fazendo a Seatrade, for acompanhada por outros operadores, o sucateamento será acelerado, e os números serão completamente diferentes nos próximos dez anos. A Seatrade é a maior operadora do mercado convencional de navios reefer, com 57 embarcações que carregam, em média 526 mil cft. A Maersk Line possui 103.000 plugs para container refrigerado nas rotas Norte-Sul.


O relatório inclui outras informações, tais como histórico, tendências, análises e tabelas, destacando mais de 120 portos reefer em mais de 40 países, detalhando dados como principais cargas perecíveis movimentadas, e seus volumes, escalas anuais, movimentação total de cada porto, número de plugs para contêineres, calado e outras informações relevantes. Para informações, acesse Dynamar.


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